domingo, 2 de janeiro de 2022

HISTÓRIA ISLÂMICA DO BRASILEIRO MALBA TAHAN

 

William Horta – Jornalista

Quem leu o clássico ”O Homem que Calculava”, muito provavelmente está familiarizado com o nome de seu autor, ”Malba Tahan”, porém, este é o pseudônimo de mistificação literária de Julio Cesar de Mello e Sousa (1895 — 1974) , professor, educador, pedagogo, conferencista, matemático e escritor brasileiro, cujas obras de ficção ambientadas no Oriente Médio entraram para a história. Para criar seus contos e personagens, Júlio estudou a língua árabe por 7 anos, se aprofundando tão bem no universo islâmico, que muitos acreditam até hoje que o autor ”Malba Tahan” ou Ali Iezid Izz-Edim ibn Salim Hank Malba Tahan é uma pessoa real.

Em entrevista concedida a Silveira Peixoto e a Monteiro Lobato e descrita no Terceiro Volume da obra “Falam os Escritores” em 1941, Júlio narra o nascimento de Malba Tahan:

“O caminho, então, seria tratar de escrever com um pseudônimo estrangeiro. Pensei mais sobre o caso. Qual o pseudônimo a adotar? Deveria ser um que tivesse todo cunho de realidade. Americano? Mas não. Queria um pseudônimo que se conformasse bem com o caráter dos trabalhos que pretendia escrever… Seria um árabe. – Por quê? – O árabe é homem que faz poesia a propósito de tudo. Suas atitudes sempre são romanescas. Não compreende a vida sem a poesia. Mas o pseudônimo não deveria ser nem masculino e nem feminino. Teria de ser sonoro. Teria de dar a necessária impressão de perfeita autenticidade. Na Escola Normal, havia uma aluna com um sobrenome interessante: “Maria Tahan”. Simpatizei-me com esse “Tahan”. Perguntei-lhe que queria dizer. “Moleiro” – respondeu-me ela. Fui, dias depois, descobrir num mapa da Arábia, o nome de uma cidade – Malba, aldeia perdida na Arábia Pétrea … – E nasceu Malba Tahan … – Que, como vê, pode ser traduzido por “moleiro de Malba”. Comecei, então, a estudar a civilização árabe. Li Gustavo Le Bon, comprei o Alcorão, numa edição comentada, percorri as obras de Massoudi. Tomei um professor de árabe: o dr. Jean Achar.”

Como Malba Tahan, o matemático brasileiro introduziu o gosto pelo estudo dos números em muitos jovens, e seu impacto na educação do país é sentido até hoje.

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