Bilionário dono da Tesla e Space X foi acusado de manipular criptomoedas por meio das redes sociais
- Eleito a ‘personalidade do ano’, Elon Musk impactou o mercado de criptomoedas em 2021, com suas publicações nas redes sociais
- A cada novo tweet sobre bitcoin ou dogecoin, os ativos reagiam com grandes saltos ou quedas
Dono de uma fortuna de US$ 251 bilhões segundo dados da Bloomberg, Elon Musk foi eleito a ‘personalidade do ano’ de 2021 pela revista Time. A posição não é uma surpresa: visto por alguns como um gênio dos negócios e por outros como um oportunista, o que de fato não falta ao empresário é personalidade (e seguidores).
Nascido em 1971, na cidade de Pretória, África do Sul, Musk trilhou o caminho até o atual posto de pessoa mais rica do mundo criando de bem-sucedidas empresas de tecnologia – em uma época na qual a internet estava engatinhando. Em 1995, junto com o irmão, Kimbal Musk, fundou a Zip2. A companhia fornecia conteúdo para jornais on-line, como o The New York Times, e rendeu ao jovem Musk alguns milhões de dólares.
Em 1999, o executivo fundou também a x.com, empresa de transferências financeiras on-line que mais tarde se uniu à Confinity e formou o conhecido PayPal. Nos anos 2000, o então milionário se tornou o principal investidor da Tesla Motors, fabricante de carros elétricos, e ajudou a transformar a montadora na principal referência do segmento.
Por último, a SpaceX, de viagens espaciais, fez Musk literalmente tocar os céus e bater recordes quando o assunto é construção de riqueza.
Maestro digital
Tamanhas conquistas não passaram incólumes pelo público. No Twitter, o bilionário acumula mais de 66 milhões de seguidores. Na rede social, cada mensagem publicada pelo empresário gera uma grande repercussão. E por vezes, um simples tweet passa a ser encarado como uma recomendação de compra a ser cegamente seguida.
Essa situação ficou clara em 2021, quando o CEO da Tesla levou a público seu entusiasmo com os criptoativos. Qualquer pequena indicação de apoio à determinada criptomoeda já era o bastante para fazer a cotação do ativo digital subir escalonadamente em seguida.
Com o passar dos meses, levantou-se a polêmica de que Musk utilizava sua influência para manipular o mercado de criptoativos. Segundo essa visão, o bilionário estaria direcionando seus seguidores para onde desejasse, tal qual um maestro rege uma banda. Entretanto, como não há regulamentação nas negociações que envolvem criptos, a investigação desse tipo de conduta é dificultada.
“Essa nova classe de ativos que vem do blockchain é a mais nova que temos no mundo e possui algumas características que ainda não são as mesmas do mercado tradicional. Em termos de liquidez, tamanho e acesso, ainda é um mercado pequeno. E por ter essas características, alguns influenciadores têm, sim, um impacto. E esse é o caso do Elon Musk”, afirma Rodrigo Borges, CEO da PDA Swiss Ag e analista de criptomoedas e blockchain da OhmResearch
Já para Rafael Quintana, assessor de investimentos, muitas vezes há ‘barulho’ em torno das publicações de Musk. Mas nem sempre são elas as causadoras das oscilações. “Faz acreditar que ele é quem mexe/influencia diretamente no preço, quando na verdade o preço já faria o tal movimento, por padrão técnico”, explica.
Em junho, Magda Wierzycka, CEO da empresa de serviços financeiros Sygnia e multimilionária, acusou o CEO da Tesla de praticar pump-and-dump com o bitcoin. Isto é, inflar propositalmente o preço do ativo para depois vendê-lo com lucro. A empresária ainda afirmou que Musk seria investigado pela SEC, a CVM americana, se o mercado de criptos fosse regulado da mesma forma que o mercado tradicional. As informações são do Cointelegraph.
Antes da empresária, o blogueiro americano Dave Portnoy também havia feito o mesmo. “Eu estou entendendo isso direito? Elon Musk compra bitcoin, o ‘bombeia’ e ele sobe. Então ele o vende e faz fortuna”, ressaltou.
Relembre três vezes que Musk pode ter influenciado o mercado em 2021:
- #Bitcoin
Em 29 de janeiro deste ano, apenas uma hashtag bastou para fazer o preço do bitcoin saltar mais de 17%, cotada a US$ 37,4 mil. Naquele dia, Elon Musk e Jack Dorsey, dono do Twitter, trocaram suas ‘bios’ na rede social por ‘#bitcoin’. O dono da Tesla também publicou um tweet enigmático: “em retrospecto, era inevitável”, escreveu em seu perfil. Logo na sequência, o BTC disparou com investidores especulando o que as duas personalidades estariam querendo dizer com as publicações.
Já em 4 de junho, Elon Musk publicou em seu perfil no Twitter uma foto de um casal aparentemente se separando, com a legenda ‘#bitcoin’. A publicação deu a entender que o CEO da Tesla e a cripto estariam se ‘separando’. No final, esse tweet, com a mesma hashtag utilizada em janeiro, foi o suficiente para fazer o ativo cair 10% na mínima do dia. No final, “fechou” o período em queda de 5,96%, aos US$ 36,8 mil.
- Tesla aceita bitcoin x Tesla deixa de aceitar bitcoin
No dia 8 de fevereiro, Musk anunciou que a Tesla aceitaria pagamentos em bitcoin, além de que a empresa teria investido US$ 1,5 bilhão na criptomoeda. Naquela data, o bitcoin terminou o dia em alta de 19,4%, aos US$ 46,3 mil.
Pouco tempo depois, a reviravolta: no dia 12 de maio, o multibilionário afirmou que a Tesla não aceitaria mais o bitcoin como criptomoeda, em função do impacto ambiental da mineração (processo pelo qual novos bitcoins são criados), que exige uma alta quantidade de energia. Em seguida, a cripto caiu quase 13,4%.
- Tesla vai aceitar dogecoin?
Para quem não conhece, a dogecoin (DOGE) é uma criptomoeda que surgiu de um meme do cachorro shiba inu e que, em tese, não possui uma finalidade ou embasamento – em outras palavras, está mais atrelada à especulação do que a fundamentos.
Na última terça-feira (14), o bilionário sugeriu em seu Twitter que a Tesla poderia aceitar o ativo como pagamento para a compra de ‘alguns produtos’. O anúncio fez o dogecoin disparar 21,3% no dia.
Entretanto, não foi a primeira vez que citações de Musk sobre a criptomoeda meme impactaram o mercado. Basicamente, durante todo o ano pequenas menções à dogecoin provocaram movimentações.
Uma delas ocorreu no dia 4 de fevereiro, quando o empresário publicou que “Dogecoin é a criptomoeda do povo” e “Sem altas nem baixas, apenas Doge”. As frases impulsionaram uma alta de 41,7% no ativo naquela data.
Tendência à maturação
Segundo Borges, CEO da PDA Swiss Ag e analista de criptomoedas da OhmResearch, a tendência é que o mercado passe por uma maturação e que, aos poucos, o peso de influencers sobre os preços seja menor.
“A influência vai ir diminuindo conforme a adoção das criptos for aumentando, assim como conforme o conhecimento dos agentes quanto às criptomoedas for crescendo também. E isso vai fazer com que as informações sejam mais formadas por um contexto de conhecimento do que pela opinião de uma pessoa. Isso é muito característico da inovação: muita gente estuda o tema, mas obviamente muita gente vai só pela especulação”, afirma.
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