quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

ANASTASIA GANHA ELEIÇÃO PARA SER MEMBRO DO TCU

 

  1. Política 

Além de emplacar aliado na Corte, presidente do Senado ainda terá mais um parceiro político na Casa que comanda, já que o primeiro suplente de Anastasia é o secretário nacional do PSD

Marcelo de Moraes, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA — A escolha do senador Antonio Anastasia (PSD-MG) para a vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) por larga margem de votos mostrou a força da articulação política do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Além de emplacar seu aliado na Corte, ainda terá, a partir de agora, mais um parceiro político na Casa que comanda, já que o primeiro suplente de Anastasia é o secretário nacional do PSD, o ex-deputado federal Alexandre Silveira.

Na prática, a articulação política de Pacheco a favor de Anastasia também foi favorecida pelo comportamento hesitante do governo de Jair Bolsonaro. Se o senador mineiro levou alguma vantagem por ter se lançado como candidato antes dos adversários Kátia Abreu (Progressistas-TO) e Fernando Bezerra (MDB-PE) e por ser considerado o mais capacitado tecnicamente para o posto, a indecisão do governo sobre quem apoiar na disputa favoreceu a vitória de Anastasia.

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Para Pacheco, o resultado traz ainda um ganho extra: pré-candidato ao Planalto, Pacheco mostrou, com a vitória de Anastasia, capacidade de negociação dentro do Congresso numa disputa envolvendo fortes líderes do Senado. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Inicialmente, o governo pareceu inclinado a pedir votos para Kátia Abreu. Essa disposição, porém, começou a arrefecer depois que os bolsonaristas descobriram que a vitória da parlamentar abriria uma vaga na Casa para mais um senador do PT. Isso porque o suplente da senadora é o petista Donizeti Nogueira, que presidiu o partido em Tocantins.

Com isso, o governo passou a olhar com mais atenção a candidatura de Fernando Bezerra. O problema é que, apesar de ser líder do próprio governo, o parlamentar pernambucano é visto como pouco alinhado ao bolsonarismo. Mesmo assim, Bezerra ainda tentou vestir mais fortemente o uniforme do governo ao agradecer, em seu discurso antes da votação, ao presidente “pela confiança” depositada nele ao indicá-lo como líder.

Essa hesitação na escolha acabou atrapalhando uma  campanha mais forte de um candidato do governo e representa a perda da oportunidade de Bolsonaro do de ter mais um aliado dentro do TCU. No fim do ano passado, o presidente já tinha indicado seu ex-ministro Jorge Oliveira para uma vaga no tribunal e pretendia ampliar essa influência numa Corte repleta de ex-parlamentares e com alto poder de fogo para fiscalizar e investigar gastos públicos. Tanto que aceitou indicar Raimundo Carreiro para a Embaixada do Brasil em Portugal justamente para abrir uma vaga na Corte – o ministro somente se aposentaria em 2023.

Para Pacheco, o resultado traz ainda um ganho extra. Pré-candidato ao Planalto, Pacheco mostrou, com a vitória de Anastasia, capacidade de negociação dentro do Congresso numa disputa envolvendo fortes líderes do Senado. Agora, se planeja, de fato, subir a rampa do Planalto, precisa mostrar essa capacidade para fazer sua candidatura pegar tração, o que não ocorreu até agora.

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