Em Interlagos, o piloto inglês dá show ao estilo de Senna; em Valência, uma despedida na motovelocidade
Robson Morelli, O Estado de S.Paulo
Dois lendários pilotos roubaram a cena nas pistas ontem. Em São Paulo, o inglês Lewis Hamilton teve um fim de semana como há muito não se via na Fórmula 1, com punições e superações, em treinos e nas duas provas em Interlagos, contando a disputa da Sprint Race no sábado, e uma vitória ao estilo de Ayrton Senna. Em Valência, na MotoGP, uma lenda do motociclismo mundial deu sua última acelerada. Valentino Rossi foi uma espécie de Senna da moto, reverenciado pelos amantes do esporte e pelos que viam nele um corredor que desafiava seus próprios limites. Em comum, tanto Hamilton quanto Rossi são sete vezes campeões do mundo – Lewis pode mudar isso.
Em São Paulo, não faltou nada a Lewis. Ele mostrou o quanto é um piloto preparado e maduro. Foi quem mais fez ultrapassagem em Interlagos. Mostrou precisão e sangue frio para esperar os momentos certos de acelerar e pegar o vácuo. Parecia saber os pontos exatos do traçado paulista para fazer isso. Usou e abusou da sua Mercedes até realizar sua última manobra para superar Max Verstappen e assumir a dianteira do GP até a bandeirada da ginasta Rebeca Andrade.
Lewis levantou o autódromo de Interlagos com uma pilotagem inédita em sua carreira, mas não menos apaixonante. Fez história. Não faltou nada. Nem mesmo o gesto esperado por muitos de tomar para si a bandeira brasileira e agitá-la enquanto comemorava a vitória. Fez isso na pista e no pódio, abraçado a ela, feito outro lendário piloto, Ayrton Senna, de quem Lewis sempre foi fã incondicional. Por algumas horas em Interlagos, o piloto inglês nos fez lembrar de Senna.
Longe dali, em Valência, Valentino Rossi também era ovacionado pelos amantes da MotoGP, mesmo chegando em décimo lugar em sua última apresentação. Teve um tempo nas corridas de moto em que Rossi era único. Ninguém duvidava de que chegaria na frente após mostrar destreza a cada curva e reta, num verdadeiro balé cujo primeiro colocado, ele, apontava os passos e o caminhos para quem vinha atrás. Não havia competidores para Valentino Rossi. Ele foi ótimo no que se propôs ser em cima de uma moto. Decidiu correr pela última vez aos 42 anos.
Sua despedida foi digna de tudo o que ele ofereceu aos torcedores, parceiros e rivais. Abraçado e erguido pelos outros competidores, Rossi ganhou mensagens de gigantes em suas respectivas modalidades, como Roger Federer, no tênis, e Ronaldo, no futebol. Em comum, Hamilton e Rossi esbanjam amor ao que fazem.
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