Coronavírus
Por
Célio Martins – Gazeta do Povo
Reino Unido estuda início da vacinação de reforço contra Covid-19.| Foto: Reprodução/Imperial College London
Nos últimos dias, alguns países que demonstravam ter controlado a pandemia de coronavírus presenciaram aumento de casos e mortes por Covid-19. Muitos desses países, como Reino Unido, Israel e Estados Unidos, por exemplo, apresentam alto índice de vacinação – mais de 50% da população recebeu duas doses ou imunizante de dose única. O novo cenário é um alerta para países como o Brasil, que tem somente 25% da população completamente vacinada e que vive um momento de esperança de que vai debelar o vírus.
Um dos casos mais emblemáticos é Israel, que tem quase 70% da população imunizada. Em janeiro deste ano, as autoridades de saúde israelenses chegaram a registrar mais de 100 mortes em único dia. Com o rápido avanço da vacinação, a partir de maio o país começou a ter dias sem nenhum óbito por Covid-19. No final de junho e início de julho, foram 10 dias seguidos com zero, de acordo com os números da plataforma Our World in Data. O número de novos casos também foi reduzido sensivelmente: de mais de 25 mil em alguns dias em janeiro, caiu para menos de 10 casos diários em junho e início de julho.
Reino Unido e Israel registraram aumento de mortes por Covid-19 nas últimas semanas.
O clima de que a pandemia havia sido derrotada tomou conta dos israelenses. As máscaras quase desapareceram completamente dos espaços públicos e a vida voltou ao “normal”. Mas a despreocupação durou pouco. No último dia 17 foram registrados mais de 8 mil novos casos de infecção por coronavírus em Israel e as mortes voltaram a assustar: 46 óbitos no dia 15, outras 19 no dia 16 e na última terça-feira, 17 óbitos.
Não menos emblemático é o Reino Unido, país que havia conseguido um dos melhores resultados no controle da pandemia na Europa. No auge da crise, em janeiro, os britânicos chegaram a registrar mais de 1,8 mil mortos num único dia. No final de maio e início de junho a taxa caiu para menos de 10. A queda também se deu no número de novas infecções, passando de mais de 60 mil por dia em janeiro para menos de 100 no final de maio.
Assim como ocorreu em Israel, a confiança voltou ao Reino Unido. Mas em meados de julho os novos casos atingiram novamente cifra acima de 50 mil por dia. As mortes também voltaram a assustar a partir do final de julho. No último dia 17 foram 170 óbitos por Covid-19.
A Grã-Bretanha relatou nesta quarta-feira (18) que os novos casos de Covid-19 entre 12 e 18 de agosto aumentaram 7,6% em comparação com os sete dias anteriores.
Nos Estados Unidos, o susto maior veio no dia 13 de agosto, quando mais de 1.800 doentes por Covid-19 morreram. Na terça-feira (17), novamente superou mil óbitos. O número é muito alto, considerando que recentemente o país havia conseguido baixar para menos de 100 mortes diárias. Os novos casos, que haviam caído para menos de 10 em alguns dias, explodiram recentemente, passando de 200 mil em alguns dias. Na média, o aumento da última semana passa de 17%.
Com alta de novos casos de Covid-19, EUA fazem campanha para ampliar vacinação e já programam vacina de reforço.
De acordo com dados das autoridades de saúde, a maioria das novas infecções em Israel ocorre entre jovens não vacinados. O Ministério da Saúde de Israel também relatou “um declínio acentuado na eficácia da vacina na prevenção de infecções (64%) e doenças sintomáticas (64%) desde 6 de junho, após a propagação da variante delta no país.
A vacinação em Israel foi feita com os imunizantes da Pfizer/BioNTech e da Moderna. Ambas são novas vacinas de mRNA e relataram uma eficácia inicial de cerca de 95%.
No Reino Unido, diante da persistência das novas infecções, o governo estuda aplicar uma dose de reforço da vacina contra Covid-19 aos maiores de 50 anos, a partir do início de setembro.
Nos EUA, as autoridades de saúde anunciaram nesta quarta-feira (18) que será iniciada uma ampla distribuição de vacinas de reforço a partir de 20 de setembro. A medida será tomada depois que novos dados revelaram que a proteção da vacina diminui com o tempo. O alvo seriam as pessoas que receberam a segunda dose do imunizante oito meses antes da data prevista para a terceira.
Segundo nota assinada por Rochelle Walensky, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Janet Woodcock, da Food and Drug Administration (FDA) e outras autoridades de saúde dos EUA, há evidências de “proteção reduzida contra doenças leves e moderadas” após um tempo, o que requer dose de reforço.
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