João Lara Mesquita – Jornal Estadão
O túnel de 1,7 quilômetros será grande o suficiente para permitir a passagem de navios de carga e a maioria dos navios de cruzeiro. Mas, por que um túnel para navios? Bem, a costa da Noruega é repleta de fiordes, espécies de longas reentrâncias, alguns com vários quilômetros de extensão.
Para piorar, o país se localiza nas altas latitudes, onde os ventos e correntes são mais fortes que nos trópicos, por exemplo. E o mar fica muito grosso em algumas ocasiões. O túnel permitirá que os navios contornem as águas perigosas, evitando assim os fortes ventos e águas do mar de Stadhavet, uma área exposta do oceano ao longo da costa norueguesa com notória má reputação para a navegação.
Segundo o site imnovation-hub.com, ‘parece que nem mesmo os vikings ousaram navegar nessas águas devido aos seus perigos, mas agora a tecnologia e a inovação encontraram a solução para os navios de carga e de cruzeiro navegarem com segurança’.
Ideia tem mais de 100 anos
Faz tempo que os noruegueses sentem a necessidade desta obra. De acordo com a Forbes, ‘por mais de 100 anos um túnel foi proposto para ajudar os navios a contornar Stad, onde a combinação de vento, correnteza do oceano e ondas torna o trecho exigente para navios de todos os tamanhos’.
‘A equipe por trás do projeto – conhecido como Stad Ship Tunnel – disse que ele é um “pré-requisito” para aumentar a segurança dos marítimos no oeste da Noruega’.
A organização explicou que as correntes oceânicas e a topografia do fundo do mar criam condições de ondas difíceis e muitas vezes inesperadas: “Ondas muito altas vêm de direções diferentes ao mesmo tempo e criam situações críticas para os navios. O mar agitado também pode durar vários dias após o vento ter diminuído, o que por sua vez leva a condições de navegação difíceis, mesmo em dias calmos.”
Segundo o imnovation-hub.com, ‘só em 2023 esta ambiciosa passagem subterrânea estará pronta para uso, mas a Administração Costeira Norueguesa (NCA) afirma que a partir daquele momento cerca de 100 navios de carga e passageiros poderão navegar por esta nova via marítima todos os dias’.
A costa Oeste da Noruega
Embora mais conhecida por seus fiordes pitorescos, a costa oeste da Noruega é uma potência econômica na pesca e na aquicultura, o país é o primeiro exportador de salmão criado em fazendas. A Noruega já exporta peixes cultivados e selvagens para mais de 150 países e prevê-se que a indústria terá um rápido crescimento nos próximos anos.
No entanto, grande parte do transporte costeiro de mercadorias ocorre em terra, em grande parte devido aos riscos potenciais de navegar ao redor de Stad.
O ser humano domando o mar?
O Mar Sem Fim já comentou sobre algumas obras, antigas e modernas, feitas pelo homem numa tentativa de domar o mar, e melhorar a vida de marinheiros e do comércio mundial.
A mais notável é o Canal de Suez, monumental obra encurtando a distância entre a Ásia e a Europa, feita em apenas dez anos e entregue em 1869.
Outro canal famoso começou a ser discutido ainda no século 16, quando o istmo foi descoberto pelo navegador Vasco Núñez de Balboa, em 1513. É o Canal do Panamá, cuja obra começou em 1881, mas só terminou em 1914.
Trata-se de uma passagem que liga o Atlântico ao Pacífico, mais uma vez encurtando a rota de navios da América, ou da Europa, para a Ásia.
Já mais recentemente, em 2018, comentamos outras destas tentativas de ‘domar’ o mar, a ponte Hong Kong- Zuhai-Macau. Com 55 quilômetros, sua construção consumiu 400 mil toneladas de aço, quantidade suficiente para erguer mais de 60 torres Eiffel.
A obra gigantesca encurta o caminho no Delta do Rio das Pérolas, China, que tem numa extremidade Hong Kong; na outra, Macau e Zuhai, as três mais importantes cidades do sul da China.
A ponte colossal chinesa
A construção não é cem por cento chinesa. Trabalharam nela especialistas do Reino Unido, Japão e pelo menos 11 outros países. Custo total de US$ 20 bilhões de dólares. Para permitir a passagem de navios no delta do rio das Pérolas, uma seção de 6,7 Km foi feita através de um túnel que exigiu a construção de duas ilhas artificiais.
Ponte de Öresund
Esta ponte é outro colosso da engenharia que liga a Dinamarca à Suécia, mais especificamente as cidades de Copenhague a Malmö.
A ponte surgiu graças aos esforços de ambos os governos, que iniciaram o projeto em 1991. Ao longo dos 16 km de extensão, turistas e moradores são transportados para dois países por um caminho com partes subterrâneas e ao ar livre.
Dentro de poucos anos o túnel para navios estará encabeçando esta lista de obras. Ainda de acordo com o site imnovation-hub.com. ‘existem algumas outras escavações subterrâneas para permitir a navegação de navios, como o Canal du Midi na França. Mas a obra da Noruega será a primeira a permitir a passagem para grandes navios de até 16 mil toneladas’.
Assista ao vídeo e saiba mais
https://www.youtube.com/embed/Sfv0-WWxYNk
Imagem de abertura: Forbes
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