Aristóteles Drummond * – Jornal Hoje em Dia
Temos de reconhecer que o Brasil vai mal. Não é a pandemia e seus equívocos lamentáveis, nem a crise na economia, que é mundial. É na crise ética, moral e racional, que nos prende no subdesenvolvimento, como se fôssemos formados por um povo primitivo, o que não é fato.
Temos uma sociedade que, com todas as suas mazelas, vem evoluindo constantemente nos últimos cem anos. Tivemos momentos de interrupção do progresso, sempre pela politicagem e a pregação ideológica sem compromisso com o bem-estar do povo, resolvidas pelos poderes moderadores, em que se incluem militares e as elites empresariais e da comunicação. Hoje, já não temos lideranças empresariais legítimas, sendo que oportunistas sobrevivem em função de orçamentos captados por lei e intermináveis mandatos. E a mídia não encontrou sucessores dos notáveis do passado recente, como Roberto Marinho, Assis Chateaubriand, Octavio Frias e os Mesquita. São raras as lideranças jovens na área. O país ficou sem rumo, restando os militares, que, na nova realidade do mundo, são os últimos, e nem sempre servem como último recurso.
Temos uma elite cultural de qualidade ainda, entre juristas, alguns políticos e empresários empreendedores, na sua maioria de primeira geração ou que impulsionaram negócios recebidos de seus maiores. Falta a esta elite um norte para uma união pela salvação nacional.
O momento é esse, pois o poder central, que influi sempre, apesar de erros comportamentais tristes, tem compromisso com as teses que podem levar a retirar o país dessa situação de perdido em meio à futricaria política, à corrupção e à tentativa de consolidar uma nefasta juristocracia.
Falta um projeto nacional!
A reforma do Judiciário é urgente, para descongestionar tribunais e acabar com a proteção ao malfeitor que tenha bons e caros advogados. Uma vergonha a quantidade de ações que transitam nos luxuosos palacetes refrigerados de nossos tribunais. E a um custo per capita chocante.
Uma comissão com alguns brasileiros notáveis, como Ives Gandra Martins, Modesto Carvalhosa, Carlos Velloso e Bernardo Cabral, apresentaria uma proposta próxima da perfeição. Todos cuja eventual ambição neste momento só poderia ser a de servir a pátria.
O Congresso Nacional deveria ter a coragem ética e moral de pautar assuntos urgentes, como a questão da segunda instância, acabando com intepretações a cada quinquênio. Precisa ainda eliminar de imediato alguns tipos de recursos protelatórios e dar celeridade a casos de corrupção e do foro especial, que seria legítimo, se fosse célere. Além disso, definir competências, para que um juiz não interfira em outro Estado. Concentrar em Brasília todas as ações que envolvam a União. E estimular súmulas claras para questões fiscais e previdenciárias que entopem os tribunais.
Ou o Brasil acaba logo com essa mentalidade cruel, corporativista, irresponsável socialmente, ou estaremos no rumo do caos, como só admiradores de Maduro e Morales, saudosistas de Fidel, querem, vendo afundar nosso patrimônio industrial, comercial e agrícola criado com suor pelos empreendedores e trabalhadores. E, claro, nossa liberdade política, religiosa e empresarial.
* Jornalista
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