Procedimento é realizado em quadros graves da doença, quando o paciente perde a capacidade de respirar sozinho
- SAÚDE | Hysa Conrado, do R
Equipe médica durante tratamento de paciente com covid
AMANDA PEROBELLI/REUTERS
Em quadros graves de covid-19, quando a capacidade de respiração é afetada e o pulmão fica comprometido, o procedimento de intubação é realizado para que o paciente consiga respirar de forma adequada. A intervenção faz parte do tratamento realizado na UTI (unidade de terapia intensiva) quando outros médotos de suplementação de oxigênio já não dão resultados.
Segundo Jefferson Santana, enfermeiro cardiopneumo-intensivista, nestes casos um tubo é introduzido pela garganta do paciente, até um ponto próximo ao pulmão, para que o aparelho de ventilação mecânica consiga ventilar oxigênio suficiente para mantê-lo vivo. Mas, antes disso, o paciente precisa ser sedado para que o procedimento seja realizado.https://8c67a41d2f528d2f9f183a6d3c13e06f.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
É quando entra o chamado “kit intubação”, um conjunto de remédios, que inclui anestésicos, bloqueadores neuromusculares e sedativos, utilizados para que o paciente não sinta dor nem tente colocar o tubo para fora.
“É um procedimento que causa incômodo e dor, o paciente não pode ficar acordado, porque o instinto natural do corpo é que tudo o que estiver na garganta e que não devia estar lá, seja expelido”, explica Santana.
Os sedativos administrados durante o período de intubação impedem que o paciente tenha consciência sobre o próprio corpo, inclusive no que diz respeito a necessidades fisiológicas, como se alimentar, evacuar e urinar, ou mesmo para realizar a sua higiene, então estes cuidados são feitos no leito do paciente pela equipe responsável por seus cuidados.
“Para evacuar o paciente usa a fralda, mas para controle de urina, que precisamos que seja feito de maneira mais exata, é introduzida uma sonda pela uretra do paciente”, afirma o enfermeiro.
Segundo Santana, o controle da urina é importante porque é um dos marcadores de melhora ou piora da pessoa intubada, assim como outros parâmetros vitais que também são monitorados durante o período de intubação.
“Monitoramos como o coração está batendo, como a pessoa está respirando, a saturação, a temperatura. De repente se a pessoa parou de urinar não é porque ela está intubada, mas pode ser que teve algum tipo de infecção no sangue ou na urina, por exemplo”, avalia o enfermeiro.PUBLICIDADE
O paciente intubado também realiza a alimentação de forma artificial, por meio de uma sonda introduzida no nariz, já que a sedação o impede de se alimentar pela boca.
“Depende do objetivo da sonda, que pode ficar no estômago, mas geralmente fica no intestino. Toda a administração de medicamento, alimentos e água é feita por ela”, afirma Santana.
Em relação ao banho, o enfermeiro explica que cada instituição tem um protocolo, mas que pode ser realizado com água diretamente na pessoa, ou a partir do uso de alguma tecnologia descartável que dispensa o uso de água ou enxaguante.
Quando a traqueostomia é necessária?
A traqueostomia também é uma forma de ventilação mecânica, segundo Santana, e é realizada quando a equipe conclui que o paciente ficará intubado por mais de um mês.
“Depois de uma semana com o paciente intubado, já se pode pensar em traqueostomia para otimizar essa recuperação. Em relação à covid, pensamos pensa em pelo menos 15 dias de intubação, mas há pessoas que ficam mais”, afirma o enfermeiro.
Nestes casos, ao invés de um tubo introduzido pela garganta, um mini tubo é colocado na traqueia, abaixo das cordas vocais, por meio de um procedimento cirúrgico.
“A traqueostomia pode dar mais autonomia para o paciente, porque é algo mais curto e ele não precisa estar sedado, então ele consegue ir até ao banheiro, não precisa de uma sonda para se alimentar, consegue tomar seu banho, caminhar, é mais confortável”, explica.
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