
Não podemos querer que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo, se recusamos o desafio e preferimos o conforto contemplativo
Vitorio Mediolli
Permito-me reconstruir com algumas palavras mais um texto de Albert Einstein.
Não podemos querer que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo, se recusamos o desafio e preferimos o conforto contemplativo. Ou ainda se permanecemos no exercício da crítica sem tomar alguma atitude real. Pior quando distorcemos a verdade, a camuflamos, a subvertemos pelo interesse próprio ou pela vaidade, permanecendo estáticos.
A crise é a maior bênção que pode acontecer às pessoas e aos países, porque a crise traz desafios e provoca progressos. A criatividade nasce da angústia, assim como o dia nasce da noite escura.
É na crise que nascem os inventos, os descobrimentos e as grandes estratégias, é nela que se dão as viagens improváveis, as migrações. A superação dos obstáculos leva a ampliar os limites do ser humano e reorganiza um país, coloca em ordem as prioridades. A crise atiça a coragem, a ousadia. Quem vence a crise derrota as adversidades, se supera sem ter sido superado.
Quem atribui à crise seus atrasos, fracassos e penúrias violenta seu próprio talento, se rende aos problemas.
A verdadeira e mais séria crise é o triunfo da incompetência. A mediocridade que se esquece da vontade, da genialidade, da dedicação, da porta aberta que homem algum pode fechar.
Erra quem pensa que a derrota é inevitável, quem não age com suas virtudes naturais, aquelas que não dependem dos outros e só ele pode determinar: sinceridade, honestidade, ternura, aversão ao prazer efêmero, contentamento com a sua parte e com poucas coisas, benevolência, franqueza, nenhum amor ao supérfluo, desprendimento do insignificante, magnanimidade, compaixão, firmeza, moderação, humildade.
O inconveniente das pessoas e dos países é a dificuldade para encontrar a saída e as soluções. Sem crise não há desafios; sem desafios a vida é uma monótona rotina, uma lenta agonia, um morno aproximar-se ao túmulo sem ter acrescentado qualquer coisa para o bem da humanidade.
Sem crise não há méritos; sem mérito não há progresso nem avanço real. É na crise que aflora o melhor de cada um, é na superação dos obstáculos que os limites são ampliados, porque sem crise todo vento é uma carícia. Falar de crise é promovê-la, reconhecer-lhe como uma vitoriosa; e calar-se na crise é exaltar o conformismo, subscrever a própria insignificância.
Em vez disso, trabalhemos duro, incansavelmente, porque dentro de nós há uma divindade, quase sempre ofuscada pelo egoísmo, pelo medo, pela ignorância.
Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.
Neste momento, mais que terceirizar responsabilidades, vejamos com franqueza aquilo que, até então, deixamos de fazer, aquilo que podemos fazer.
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