Resultado do teste para
covid-19 de Bolsonaro é esperado para o meio-dia
Augusto Fernandes
© AFP / EVARISTO SA O
presidente Jair Bolsonaro fez, ontem, uma ressonância magnética dos pulmões, no
HFA. Depois, se submeteu ao teste da covid-19
O presidente Jair Bolsonaro informou, ontem, que está com
sintomas da covid-19 e que fez um novo exame para detectar se foi infectado
pelo novo coronavírus. Segundo o Correio apurou, ele disse a interloculores,
ontem à noite, que não sabia do resultado do teste. A previsão é de que a
divulgação ocorra hoje, ao meio-dia. Segundo a CNN Brasil, o mandatário teve febre
de 38°C e já está tomando hidroxicloroquina e azitromicina de maneira
preventiva, embora nenhum dos dois medicamentos tenha eficácia comprovada no
combate à doença.
Ao conversar com apoiadores na entrada do Palácio da
Alvorada na noite de ontem, Bolsonaro comentou que, além do exame para a
covid-19, fez uma ressonância magnética dos pulmões. Os procedimentos foram
realizados no Hospital das Forças Armadas (HFA) e na residência oficial. De
acordo com o chefe do Executivo, os níveis de oxigenação do sangue dele estão
em 96% e “está tudo bem”.
“Eu vim do hospital agora, fiz uma chapa do pulmão, tá limpo
o pulmão, tá certo? Vou fazer o exame do covid agora, mas está tudo bem”,
frisou o presidente. No contato com os apoiadores, ele disse que não chegaria
“muito perto” por se tratar de uma “recomendação para todo mundo”, contudo,
antes de se despedir, tirou fotos com o grupo de simpatizantes.
Por conta da suspeita, a família do presidente que vive com
ele no Palácio da Alvorada e os funcionários da Presidência que tiveram contato
com o chefe do Executivo também terão de se submeter a exames. O comandante do
Planalto pode ser considerado um integrante do grupo de pessoas que apresenta
risco maior de desenvolver forma grave da doença, por já ter 65 anos.
Negativos
Vários integrantes da equipe dele contraíram o novo
coronavírus desde o início da pandemia, mas, até agora, oficialmente, os testes
do presidente resultaram negativo. Apesar da pandemia, o mandatário tem negado
os perigos da doença e já reduziu a covid-19 a um “resfriadinho” e a uma
“gripezinha”. Além disso, ele resiste em manter o distanciamento social e
costuma se aproximar das pessoas ao aparecer em público, seja participando de
manifestações públicas em seu apoio, seja passeando por Brasília nos fins de
semana.
Na última sexta-feira, por exemplo, Bolsonaro fez uma
reunião e almoçou com um grupo de 10 empresários, entre eles, o presidente da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, no Palácio
da Alvorada. Em nenhum momento ele ou os convidados usaram máscaras, bem como
não respeitaram um limite mínimo de distanciamento social.
O mesmo aconteceu no dia seguinte, quando Bolsonaro e outros
integrantes do governo federal dispensaram o equipamento de proteção e as
recomendações sanitárias durante um almoço na casa do embaixador dos Estados
Unidos em Brasília, Todd Chapman, para comemorar os 244 anos da independência
americana.
Agenda
Antes de informar à imprensa sobre o quadro febril,
Bolsonaro teve muitas reuniões. Seis ministros encontraram o chefe do
Executivo: Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto
Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de
Governo) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), além de José Levi Mello, advogado-geral
da União. Ele também recebeu, no Palácio do Planalto, o secretário especial de
Cultura, Mário Frias.
Às 17h, houve a cerimônia de apresentação do Plano de
Contingência para Pessoas com Deficiência e Doenças Raras, com a ministra da
Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, e a primeira-dama, Michelle
Bolsonaro, mas o presidente não participou. Ele deixou o Planalto por volta das
17h40 e seguiu para o HFA.
Apesar da suspeita de infecção, está prevista para hoje à
tarde uma audiência entre Bolsonaro e Ramos. De todo modo, parte da agenda
presidencial desta semana foi cancelada, como a reunião ministerial que
ocorreria hoje de manhã no Palácio da Alvorada.
Compromissos do presidente no Nordeste, agendados para a
sexta-feira, também foram desmarcados. Ele iria a Campo Alegre de Lourdes (BA)
para a inauguração de uma adutora que levará as águas do Rio São Francisco ao
município baiano, sobrevoaria de helicóptero um trecho da Ferrovia
Transnordestina entre o Piauí e o Pernambuco e encerraria a viagem em São
Raimundo Nonato (PI).
Memória
Comitiva e exames
O presidente Jair Bolsonaro já havia realizado três testes
para detectar a covid-19. Os exames foram realizados em março, após o chefe do
Executivo voltar de viagem oficial aos Estados Unidos, onde se encontrou com o
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Pelo menos 23 pessoas da comitiva
brasileira foram diagnosticadas com a doença. Na ocasião, o comandante do
Planalto anunciou que os resultados deram negativo, mas se recusou a mostrar os
exames. Os resultados dos três testes só foram tornados públicos em maio,
quando o jornal o Estado de S. Paulo entrou com uma ação no Supremo Tribunal
Federal (STF) para obrigar a divulgação da informação.
O presidente a doença
20/3
“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me
derrubar, não”
“Aqui em casa, toda a família deu negativo. Talvez, eu tenha
sido infectado lá atrás e nem fiquei sabendo. Talvez. E estou com anticorpo”
24/3
“Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo
vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria ou teria. Quando muito, seria
acometido por uma gripezinha ou um resfriadinho”
30/4
“ Eu, talvez, já tenha pegado esse vírus no passado, talvez,
talvez, e nem senti”
2/6
"Eu já peguei 20 vezes este vírus, talvez, ou o vírus
não quer papo comigo. É uma realidade. (...) Vai pegar, e a grande maioria nem
vai saber que pegou. Talvez é o meu caso. Assintomático”

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