Para cumprir promessa a Guedes, Bolsonaro terá que vetar reajuste para
todas categorias
Adriana Fernandes e Tânia Monteiro
BRASÍLIA - Para garantir a promessa ao ministro da Economia, Paulo Guedes,
o presidente Jair Bolsonaro terá que vetar toda a lista das categorias que ficaram de fora do congelamento
de salários no projeto de auxílio aos Estados e municípios.
Isso porque todas as flexibilizações, que deixaram
de fora do reajuste salarial diversas categorias, estão num único parágrafo
do artigo 8° do projeto. Ou veta o parágrafo todo ou não veta nada,
explicou um integrante da equipe econômica.
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Gabriela Biló/Estadão Da forma como foi aprovado no Congresso, texto libera o
reajuste para 7 de cada 10 servidores públicos.
Como mostrou o Estado, o projeto foi aprovado no Senado com o aval do próprio presidente para beneficiar o
funcionalismo, principalmente da área de segurança, atropelando
a orientação do ministro Guedes de garantir essa contrapartida ao socorro de R$
125 bilhões aos Estados e municípios.
O ministro ficou irritado com a orientação do líder
do governo na Câmara, Major Vitor Hugo
(PSL-GO), na orientação do voto e reclamou com o presidente. O
presidente conversou com Guedes sobre a possibilidade de veto antes da
entrevista em que anunciou a intenção de seguir a orientação da equipe
econômica para manter o congelamento até 2021. O congelamento integral
garante economia de R$ 130 bilhões para União, Estados e municípios. Da forma como foi aprovado no
Congresso,
o texto dá alívio de apenas R$ 43 bilhões.
No Palácio do Planalto, a percepção foi de que Guedes
surpreendeu o presidente na hora da entrevista após a ida ao Supremo Tribunal Federal (STF), com a participação de
empresários. Na entrevista, Guedes defendeu o veto.
Os jornalistas, então, perguntaram ao presidente o
que ele faria. Bolsonaro acabou acompanhando a posição de Guedes, que estava ao
seu lado. Bolsonaro responsabilizou o Congresso por deixar várias categorias de
fora do congelamento.
A estratégia da área econômica será buscar o apoio
popular para garantir que o Congresso não derrube o veto presidencial. O
discurso será de que esse é sacrifício menor comparado ao dos trabalhadores da
iniciativa privada que estão perdendo o emprego e tendo corte de salários com a
crise. De acordo com os dados oficiais, 5,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada já tiveram
o salário reduzido ou o contrato suspenso. Outros 50 milhões de informais e
desempregados já solicitaram o auxílio emergencial de R$ 600.
Foram poupados do congelamento servidores da área
de saúde (como médicos e enfermeiros), policiais militares, bombeiros, guardas
municipais, policiais federais, policiais rodoviários federais, trabalhadores
de limpeza urbana, de assistência social, agentes socioeducativos, técnicos e
peritos criminais, professores da rede pública federal, estadual e municipal,
além de integrantes das Forças Armadas.
Como mostrou o Estado, da forma como foi
aprovado no Congresso, o texto libera o reajuste para 7 de cada 10 servidores públicos de
Estados e municípios. Já entre os funcionários públicos
federais, as carreiras blindadas representam 60% do total da folha.

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