Empregos em
jogo: STF envolve sindicatos em MP contra a crise e amplia risco de demissão
Evaldo Magalhães
Para comerciantes mineiros, já em quarentena,
decisão pode quebrar negócios e colocar milhares na rua
Elogiada por
entidades trabalhistas e execrada pelo empresariado. Assim foi recebida, em
Minas, liminar concedida na segunda-feira pelo ministro Ricardo Lewandowski, do
Supremo Tribunal Federal (STF), determinando que os sindicatos tenham de
validar acordos individuais para redução de salários e jornadas entre patrões e
empregados durante a crise da Covid-19 – previstos pela Medida Provisória 936,
do governo federal.
Para setores como os
de comércio e de bares e restaurantes, entre os mais afetados no país e no
Estado pelos impactos econômicos da pandemia causada pelo novo coronavírus, a
liminar, definida de maneira monocrática por Lewandowski (sem ir ao plenário do
STF), deverá gerar “milhões de demissões” em todo o país.
“Foi uma decisão extremamente infeliz e coloca em risco milhões de empregos pelo país afora, não somente no setor de comércio e serviços, mas em todas as cadeias do setor produtivo nacional”, sustentou por nota, ontem, a Câmara de Dirigentes Lojistas da capital (CDL-BH).
“Foi uma decisão extremamente infeliz e coloca em risco milhões de empregos pelo país afora, não somente no setor de comércio e serviços, mas em todas as cadeias do setor produtivo nacional”, sustentou por nota, ontem, a Câmara de Dirigentes Lojistas da capital (CDL-BH).
“Ela aumenta a
insegurança jurídica nas relações de emprego, atrasa acordos individuais e
dificulta a adoção de medidas para a manutenção do emprego e da renda. Além de
tudo isso, entendemos que essa decisão extrapola a competência do poder
judiciário ao ‘legislar’ sobre o tema”, conclui o comunicado.
Já o presidente da
seção mineira da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel),
Ricardo Rodrigues, foi ainda mais incisivo nas críticas ao xará do STF. “Tenho
até vergonha de ter o mesmo primeiro nome que esse sujeito”, disse. “Chega a
dar nojo ver que o país esteja nesta situação, com guilhotinas sobre a cabeça
da população, das empresas e empregados, em meio a uma gravíssima crise
econômica, e que alguém venha fazer política sobre uma MP que certamente
diminuiria os prejuízos de todos”, acrescentou.
Com a decisão de
Lewandowski, segundo Rodrigues, a tendência é a de que milhares de acordos que
já vinham sendo feitos desde a semana passada, quando a MP 936 foi editada,
voltem à estaca zero e sequer possam ser concretizados.
“Os sindicatos não
terão braços para analisar todos esses acordos. Haverá quebradeira dos negócios
e recorde de demissões”, afirmou o empresário, lembrando que, só na Grande BH,
130 mil colaboradores de 20 mil bares e restaurantes verão ampliados os riscos
de dispensa.
Outro lado
Se, para os empresários, a liminar do STF é catastrófica, para sindicalistas a decisão corrige distorções graves contidas na liminar. “A MP fere a Constituição ao determinar cortes de salários e redução de jornadas”, afirmou, também ontem, o advogado Luciano Silva, representante dos metalúrgicos de Betim, na Grande BH . “Com essa liminar, que envolve os sindicatos nos acordos, em um momento tão crítico, os impactos para os trabalhadores estão sendo certamente minimizados”, completou.
Se, para os empresários, a liminar do STF é catastrófica, para sindicalistas a decisão corrige distorções graves contidas na liminar. “A MP fere a Constituição ao determinar cortes de salários e redução de jornadas”, afirmou, também ontem, o advogado Luciano Silva, representante dos metalúrgicos de Betim, na Grande BH . “Com essa liminar, que envolve os sindicatos nos acordos, em um momento tão crítico, os impactos para os trabalhadores estão sendo certamente minimizados”, completou.
Lojistas pedem ‘juro
zero’ a bancos públicos e privados
Em meio ao temor de
inviabilização de negócios e de demissões em razão da Covid-19, a CDL/BH
lançou, ontem, a campanha “Juro Zero”, cujo objetivo é sensibilizar bancos
públicos e privados a oferecerem crédito sem juros para socorrer o setor
produtivo.
Segundo o presidente
da entidade, Marcelo de Souza e Silva, o eixo da campanha é: “Hora de juro zero
para o comércio não quebrar, o emprego não acabar e a vida continuar”.
“Está na hora de as
nossas instituições do sistema financeiro, que no Brasil lucram como em nenhum
outro lugar do mundo, darem uma real contribuição ao país”, afirmou.
A CDL/BH também pede
que o BNDES discipline os bancos na liberação dos recursos para pagamento da
folha dos funcionários, referindo-se à linha de crédito de R$ 40 bi anunciada
pelo governo federal na semana passada. “Alguns bancos estão obrigando as
empresas a migrarem suas contas. Isso é inconstitucional, é venda casada”,
afirmou Souza e Silva.
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