Após Mandetta, Braga Netto se torna o novo alvo do gabinete do ódio
Jorge Vasconcellos
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Isac Nóbrega/PR Braga Netto, que conseguiu convencer Bolsonaro a não demitir
Mandetta, desagradou o grupo olavista
O ministro-chefe da Casa Civil, general Braga
Netto, entrou na mira da ala ideológica do governo depois de tomar as
rédeas das ações federais na crise do novo coronavírus e de convencer o
presidente Jair Bolsonaro a não demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta. A projeção do general tem desagradado ministros ligados ao escritor
Olavo de Carvalho e também o chamado gabinete do ódio, como é conhecido o grupo
de assessores palacianos ligados ao filho 02 do presidente, o vereador Carlos
Bolsonaro (PSC-RJ).
Braga Netto passou a ser alvo de uma série de
ataques de perfis bolsonaristas nas redes sociais, à semelhança do que já vinha
sendo feito contra Mandetta. O titular da Saúde, mesmo tendo reiterado que
permanece no governo, continua com o cargo ameaçado, por não sucumbir às
pressões do presidente para relaxar as medidas de distanciamento social,
recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter o avanço da
pandemia.
Braga Netto, que ficou conhecido por comandar a
intervenção da Segurança Pública no Rio de Janeiro, em 2018, assumiu a Casa
Civil com a missão de ser uma espécie de gerente do governo, encarregado de
coordenar as ações dos ministérios.
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O convite foi feito após um acordo entre vários
ministros, incluindo os militares. Estes últimos, internamente, têm tratado
Braga Netto como “chefe do Estado-maior do Planalto” e “presidente operacional”
do Brasil, encarregado de cuidar do dia a dia da máquina do governo em um
momento de grave crise.
O general é o mais novo colaborador a ofuscar a
imagem de Bolsonaro dentro do governo, após o mesmo papel ter sido desempenhado
por Mandetta e pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Em 30
de março, quando inaugurou o novo formato das entrevistas diárias sobre as
ações federais contra o coronavírus, Braga Netto disse a que veio ao assegurar
que “não existe essa ideia de demissão do ministro Mandetta”, antecipando-se a
responder uma pergunta dirigida ao titular da Saúde.
Na segunda-feira, Braga Netto e outros ministros
militares conseguiram, pelo menos por enquanto, demover Bolsonaro da ideia de
exonerar Mandetta. Pesou o argumento de que uma eventual demissão fortaleceria
governadores que travam uma queda de braço com o presidente por manterem as
medidas de distanciamento social, principalmente os de São Paulo, João Doria
(PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), maiores desafetos do chefe do
Executivo.
A ala ideológica do governo e o gabinete do ódio
sempre rejeitaram o poder concedido aos militares na equipe, e os ataques a
Braga Netto nas redes sociais são reflexo dessa oposição. Em entrevista ao
jornal O Estado de S. Paulo, publicada ontem, o general disse que não se
incomoda com as agressões e que continua trabalhando normalmente, gerenciando
as ações do governo.
O vice-presidente da República, general Hamilton
Mourão, criticado com frequência por Carlos Bolsonaro nas redes sociais, saiu
em defesa do chefe da Casa Civil. Ele negou que Braga Netto tenha enquadrado o
presidente ao convencê-lo a não demitir Mandetta.
“Ele não está enquadrando ninguém, mas apenas
fazendo a verdadeira governança. Assim, a Casa Civil passa a atuar como um
verdadeiro centro de governo”, disse Mourão, ao jornal paulista. “Braga Netto
está fazendo o que sabemos: colocar ordem na casa, coordenando as ações
ministeriais, de modo que haja sinergia, cooperação e, como consequência, os
esforços do governo sejam mais eficazes.”
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