Em queda de braço com
ministro, Bolsonaro não comparece a dois eventos sobre o coronavírus
Jussara Soares e Emily Behnke
© Dida
Sampaio/Estadão Jair Bolsonaro no Palácio de Alvorada
BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro deixou de comparecer a dois
eventos sobre a covid-19 ocorridos
na manhã desta terça-feira, 7, no Palácio do Planalto. Ambos estavam
previstos em sua agenda oficial. O primeiro compromisso que o presidente faltou
foi o lançamento de site e aplicativo para solicitar o auxílio emergencial de R$
600 durante a pandemia do coronavírus. O segundo foi a apresentação
do projeto Arrecadação Solidária para o enfrentamento da doença, que
teve a participação primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Nesta manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, o presidente também
evitou contato com a imprensa. Ele chamou os apoiadores que o aguardavam na
residência oficial para ficar longe dos repórteres. Nos últimos dias, ele tem
adotado esta estratégia quando quer evitar a imprensa. O silêncio de Bolsonaro
ocorre após, mesmo contrariado, ter cedido aos militares e mantido o ministro
da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,
no cargo.
Em meio à pandemia do coronavírus, Bolsonaro trava uma guerra
particular com o ministro da Saúde, a quem acusa de não ser “humilde”
por não seguir suas orientações. Mandetta, por sua vez, reafirma diariamente
que se pauta pela “ciência.”
A agenda do presidente foi divulgada pela Secretaria Especial de
Comunicação (Secom) na noite de segunda-feira. Nela, constava a entrevista
coletiva entre 9h e 10h, mas Bolsonaro, assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes, não compareceu. O anúncio
sobre o pagamento do auxílio emergencial foi feito apenas pelo ministro da
Cidadania, Onyx Lorenzoni, o
presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e o presidente
do Dataprev, Gustavo Canuto.
Mesmo após estar ausente do primeiro compromisso, a Casa Civil, por
volta das 9h40, divulgou um comunicado à imprensa afirmando que o presidente
participaria do evento de Arrecadação Solidária ao lado da
primeira-dama. Bolsonaro não apareceu e a agenda foi atualizada, retirando os
eventos que estava previstos.
Arrecadação Solidária
O projeto que incentiva doações para amparar população vulnerável foi
anunciado por Michelle Bolsonaro ao lado do ministro-chefe da Casa
Civil, Walter Braga Netto,
e técnicos do governo. O Arrecadação Solidária faz parte do programa Pátria
Voluntária, comandado pela primeira-dama, e é realizado junto à campanha
Todos por Todos e com a Fundação Banco do Brasil.
“Diante dessa pandemia precisamos mais do que nunca de voluntários”,
disse Michelle. Ela destacou que compartilha da angústia dos brasileiros em
relação à covid-19 e que é preciso ter atenção com os mais vulneráveis
durante a crise.
A iniciativa foi criada para apoiar instituições sem fins lucrativos que
atuem com trabalho voluntário junto a grupos vulneráveis da sociedade durante o
período de pandemia. Pelo projeto, empresas e pessoas físicas poderão fazer
doações no valor mínimo de R$ 30 pelo site do Pátria Voluntária ou da campanha
Todos por Todos. A Fundação Banco do Brasil será responsável por firmar
contratos simplificados e transferir os valores para entidades atuantes junto a
grupos vulneráveis da sociedade.
Em sua fala, Braga Netto reforçou o mote “o Brasil não pode parar” usado
pelo presidente Jair Bolsonaro em declarações recentes para estimular a
retomada da economia. “Não podemos nos esquecer de que somos um povo criativo e
solidário, que não desiste nunca. Estamos certos que superaremos este momento
com a união e participação de todos. O Brasil não pode parar”, disse.

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