O tempo e o vírus
Manoel Hygino
Março pela metade.
Depois de chuvaradas pelo Sudeste, deixando mortos às dezenas em Minas Gerais,
litoral de São Paulo, terras e serras do Espírito Santo, favelas do Estado do
Rio, até da Bahia, a gente da extensa região brasileira quedou na ansiosa
expectativa em torno dos próximos dias. Chover ou não chover? Em Belo
Horizonte, o prefeito Kalil terá tempo de recompor o piso das vias públicas e
demais danos causados por temporais.
As dúvidas se dão em
face do Dia de São José, - popularmente o das enchentes das goiabas, que
anunciam, segundo a gente da roça – o fim da temporada das águas no interior de
Minas. Mas, como será 2020 já com tão desagradáveis surpresas nas atividades
humanas? As hidrelétricas do Sudeste e Nordeste do Brasil, onde se localizam os
principais reservatórios do Brasil, vão receber chuvas acima da média em março,
contribuindo para recuperar o nível dos lagos, projetou o Operador Nacional do
Sistema Elétrico em relatório. O Sudeste e o Nordeste deverão receber,
respectivamente, precipitações equivalentes a 111% e 101% da média histórica
para o mês - parte do chamado "período úmido" na região das
usinas, que vai de novembro a abril. O volume esperado para o Sudeste, contudo,
ficou abaixo da projeção de 117% divulgada no boletim da semana anterior. Para
o Nordeste, o ONS elevou a projeção em 21 pontos percentuais.
Ninguém, no entanto,
terá segurança para afirmar sobre o que o futuro nos reserva para 2020, além do
que preconizam os meteorologistas. Chover ou não, é o que predominantemente
menos inquieta esta metade de século. De fato, a declaração da Organização
Mundial de Saúde com relação ao coronavírus confundiu o mundo e põe em
sobressalto todos os países.
Uma coisa é certa:
os povos começaram a perceber o que é exatamente uma pandemia. Impressionou uma
informação da OMS de que a palavra se emprega quando uma doença espalha-se por
grande área geográfica, não se restringindo a uma região ou povo. O planeta
treme. Interrupção de grande parte das atividades do homem, a suspensão de
viagens aéreas e cruzeiros marítimos, das aulas, do direito de ir e vir
livremente, a frequência a práticas esportivas. E, como se fará para tratar um
mal, que jamais nesta escala foi enfrentado pela humanidade? Quem paga a conta
dos estragos cruéis do vírus? Como se comportarão as nações mais pobres de
todos os continentes, se sabemos que os mais ricos e poderosos estão assustados
ou em pré-pânico?
No Brasil, o
ministro da Saúde opina que a contaminação pelo coronavírus se dará em
progressão geométrica, a partir da semana que vem. Segundo ele, a situação é
alarmante. Pediu recursos para o SUS, a fim de suportar a demanda. A ANS
obrigará hospitais particulares a prestarem atendimento. Jornal de São Paulo
revela que o Brasil poderá ter 4 mil casos em 15 dias. Para Mandetta, a
letalidade do vírus é baixa, mas o principal impacto será a sobrecarga do
sistema de saúde, que precisa de mais dinheiro público.
Onde buscá-lo?
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