Brasil e
Angola definem prioridades nas relações bilaterais
Agência Brasil
Reunião entre os
chanceleres do Brasil, Ernesto Araújo e de Angola, Manuel Domingos Augusto,
definiu nesta segunda-feira (2), em Brasília, as prioridades nas relações dos
dois países.
Ernesto Araújo destacou que existe profundo interesse brasileiro numa
aproximação com a União Africana
Com o governo
angolano preocupado com a própria produção agrícola e também com a segurança
alimentar, o Brasil vê em uma cooperação com o país africano na área de
agricultura e agronegócio uma oportunidade de retomar parcerias entre os dois
países. “Cada vez mais identificamos que essa é uma área-chave para uma
renovação de um novo capítulo na parceria entre Brasil e Angola”, avaliou
Araújo. Por muitos anos a cooperação entre Brasil e Angola foi marcada por
obras de infraestrutura realizadas por empreiteiras brasileiras que saíram do
país africano após denúncias de corrupção com Operação Lava Jato.
Livre Comércio
Ernesto Araújo
destacou que existe profundo interesse brasileiro numa aproximação com a União
Africana. “Queremos estar muito mais presentes na África como um todo. É
preciso estarmos atentos às imensas oportunidades que existem na África que são
geradas pela integração africana, como a criação de uma área Africana de Livre
Comércio”. O Brasil, adiantou o ministro, quer analisar as possibilidades para
se associar de alguma maneira “intensa e produtiva com esse processo de
integração na África”. O ministro ressaltou que o Brasil quer mais diálogo
político, mais presença na África e a aproximação, com apoio de Angola, parece
ser uma chave para isso. Em contrapartida o chanceler brasileiro disse que é
total a disposição do Brasil em ser um parceiro na presença de angola na
América do Sul.
Outras áreas
Na área de Defesa, a
ideia é aprofundar a cooperação naval entre as Marinhas do Brasil e de Angola.
“Estamos tratando com muita atenção e com muito interesse os projetos de Angola
de capacitação nessa área e o Brasil está pronto a colaborar”, disse o ministro
brasileiro.
Há ainda
perspectivas de, em breve, ser firmado acordo para evitar dupla tributação dos
lucros de serviços aéreos e marítimos que, segundo ele, vai contribuir muito
para a atividade da companhia aérea angolana TAAG no Brasil.
A cooperação
jurídica entre os dois países também está entre as prioridades dos governos
brasileiro e angolano. O Brasil pode ajudar Angola com sua expertise no combate
à corrupção e na recuperação de ativos
Guiné-Bissau
Os chanceleres
angolano e brasileiro também aproveitaram o encontro para ressaltar que
acompanham com "grande atenção e preocupação" a crise política na
Guiné-Bissau. As autoridades condenaram "veementemente o recurso à
violência" e "tentativas de ascensão ao poder por meios não
constitucionais".
“Nós queremos
encorajar todos os atores políticos da Guiné-Bissau a observar o estrito
cumprimento da lei, da Constituição, para que aquele país possa, finalmente,
depois desse ciclo eleitoral, reconhecer a normalidade, condição para que possa
arrancar definitivamente para o desenvolvimento econômico e social”, disse
Manuel Domingos, apoiado por Ernesto Araújo.
O autoproclamado
presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das
eleições presidenciais daquele país pela Comissão Nacional de Eleições, tomou
posse simbolicamente como chefe de estado na última quinta-feira, apesar do
Supremo Tribunal de Justiça ainda analisar um recurso de contencioso eleitoral
interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira. A partir da posse,
militares ocuparam várias instituições de Estado, incluindo a rádio e a
televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e transmissões
foram suspensas.
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