Minas receberá
três escolas cívico-militares em 2020
Da Redação Jornal
Hoje em Dia
Três escolas em
Minas vão fazer parte do novo modelo cívico-militar implantado pelo governo
federal. O anúncio foi feito na tarde de quarta-feira (26) pelo ministro
da Educação Abraham Weintraub. Foram contempladas as instituições estaduais
Princesa Isabel, no bairro Aparecida, região Nordeste da capital, e Palmares,
em Ibirité, na Grande BH. Também fará parte da iniciativa a Escola Municipal
Embaixador Martins Francisco, em Barbacena, na região Central do Estado.
Conforme
o ministro da Educação, ao todo, 54 unidades de ensino em 23 estados e no
Distrito Federal foram escolhidas para participar do programa. A implementação
do modelo ocorrerá ao longo do ano, em edição piloto.
Policiais e
bombeiros militares foram capacitados para trabalhar nas unidades. Na primeira
rodada de capacitação, realizada em dezembro, em Brasília, o trabalho envolveu
diretores e coordenadores de escolas, além de representantes de secretarias
estaduais e municipais de Educação que vão atuar como multiplicadores. A
segunda rodada ocorreu neste mês, em Porto Alegre (RS). Foram capacitados 54
oficiais da reserva e da ativa e 17 profissionais das secretarias de Educação.
O Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares é uma parceria
do MEC com o Ministério da Defesa. Cerca de mil militares da reserva das Forças
Armadas, Bombeiros e Polícia Militar vão participar da gestão educacional das
instituições. O MEC destinará R$ 54 milhões para levar a gestão de excelência
cívico-militar para 54 escolas, sendo R$ 1 milhão por instituição de ensino. Guardadas as diferenças entre as escolas, existem padrões comuns
a todas. O principal deles é a divisão em que os militares ficam responsáveis
pelas áreas administrativa, patrimonial e disciplinar e o corpo docente se
responsabiliza pela área pedagógica. Este também é o primeiro ponto polêmico da
proposta.
“Não há como separar a disciplina da parte pedagógica. Trabalho regras
da disciplina na convivência com o outro. O pedagogo não deveria delegar essa
responsabilidade”, explica a professora especialista em clima escolar Telma
Vinha. Em contrapartida, as secretarias que já possuem o modelo defendem que as
escolas escolhidas estão em locais de vulnerabilidade e violência de modo a se
fazer necessária uma disciplina mais rígida. “Utilizamos dados como o Ideb, o
IDH e o mapa da violência externa e interna à escola para escolhê-las. (Nas
escolas escolhidas) Aconteciam coisas como alunos jogarem a carteira no
professor e a parede da sala ser pichada durante a aula”, afirma Mauro
Oliveira, responsável na Secretaria de Educação pela implementação do modelo no
Distrito Federal.
Para além de onde melhor se encaixaria a disciplina, se no âmbito
pedagógico ou no âmbito administrativo, também surgem dúvidas sobre que tipo de
aluno está sendo formado por este modelo. Apesar da tradição hierarquizada de
maneira vertical, ou seja, com pouca ou nenhuma abertura para o questionamento
de regras ou do seu superior nas carreiras militares, representantes de tais
escolas afirmam que estão sim desenvolvendo um cidadão autônomo e crítico. O
coronel Ubiratan Reges de Jesus, diretor do Colégio Estadual da Polícia Militar
de Goiás (CEPMG) Major Oscar Alveólos, em Goiânia, defende espaços de escuta dos
alunos. “A nossa escola não é um quartel. Queremos dar o direito às crianças de
serem crianças, ouvir os estudantes e suas indagações, sempre cuidando para
manter a autoridade sem autoritarismo”, explica. Ainda assim, quando perguntado
se alguma das regras instituídas pelo regimento da escola poderia ser
modificada por conta de uma eventual manifestação dos estudantes nesse sentido,
ele afirmou não ser possível por conta das tradições militares.
Já, no Distrito Federal, que está a apenas duas semanas implementando o
modelo, o diretor Márcio Jesus Farias, da Escola Recanto das Emas, foi
questionado sobre quais explicações os militares estavam dando aos alunos a
respeito das novas regras tais como utilizar cabelo curto, no caso dos meninos,
e preso com coque, no caso das meninas, e o chefe de turma anunciar a entrada
do professor para que todos se coloquem de pé até que ele permita que sentem. O
diretor respondeu que os militares se mostravam carinhosos e amistosos, mas que
até o momento ele não havia visto nenhum tipo de explicação para os estudantes
que expressasse o porquê dessas regras e sua importância para a coletividade ou
ainda que abrisse um espaço de discussão sobre as mesmas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário