A Reforma Política que
precisamos
Tiago Mitraud
Na minha última
coluna, expus as razões pelas quais não acredito que propostas simplistas sejam
a solução da Reforma Política que precisamos no Brasil. Por outro lado, é
imperativo que, junto com a continuidade da renovação política que já está em
nossas mãos nas urnas, façamos também mudanças estruturais no sistema político
eleitoral.
Além da drástica
redução nos gastos do Legislativo, como expus anteriormente, uma boa Reforma
Política, a meu ver, deve focar em três grandes objetivos: aumentar a
representatividade dos eleitores, ampliar a participação política e alterar as
regras de financiamento eleitoral.
O aumento de
representatividade passa por mudanças nas regras do sistema eleitoral. O atual
sistema proporcional, em que todos candidatos concorrem contra todos, gera
confusão nos eleitores, que nunca sabem quem os está representando.
Defendo a adoção do
voto distrital misto, em que metade das cadeiras do Legislativo (exceto no
Senado) são definidas por votação majoritária em distritos, onde ganha o mais
votado da região, e metade são definidas de acordo com o partido escolhido pelo
eleitor. Este sistema aproxima o eleitor tanto geograficamente do seu
representante quanto ideologicamente, ao fazê-lo escolher qual conjunto de
ideias quer ver representado.
Para aumentarmos a
participação política do cidadão, precisamos quebrar o monopólio dos atuais
partidos. Um passo importante é permitir a participação nas eleições de
candidatos independentes e também das chamadas listas cívicas, pelas quais um
grupo de candidatos independentes concorre como se fosse um partido somente em
determinada eleição, para efeitos de contabilização dos votos na chapa.
Por fim, para
reduzirmos os custos das eleições e equilibrarmos a disputa entre candidatos,
precisamos acabar com o financiamento público de partidos e campanhas, que além
de concentrar poder na distribuição dos recursos nos caciques políticos,
inflaciona os gastos e abre caminho para corrupção. Defendo a volta das doações
de pessoas jurídicas, dentro de regras que protejam a qualidade do voto e da
democracia e que impeçam a deturpação do uso das doações, como já vimos
anteriormente.
Como é de se
imaginar, tais mudanças não serão fáceis, uma vez que os responsáveis por
fazê-las são aqueles que hoje se beneficiam do sistema atual. Porém, com o
debate amplo na sociedade e o fortalecimento de parlamentares e partidos que
defendem essas mudanças, tenho certeza que conseguiremos fazer nosso sistema
político evoluir.
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