TSE admite reorganizar seções eleitorais se não comprar urnas novas
Rafael Moraes Moura
BRASÍLIA – O secretário de tecnologia da informação
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Giuseppe Janino, admitiu nesta quarta-feira, 8, que a Corte trabalha com
um “plano B” em caso de fracasso da licitação milionária para compra de
novas urnas eletrônicas. De acordo com Janino, o TSE possui um
plano de contingenciamento que prevê inclusive a possibilidade de nenhuma nova
urna ser adquirida neste ano.
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Dida Sampaio/Estadão Funcionários trabalham na carga e lacre das urnas
eletrônicas, em 2018; novos equipamentos devem custar até R$ 696,5 milhões, diz
TSE
Na prática, se esse cenário se confirmar, a Justiça
Eleitoral teria de reduzir o número de seções eleitorais e aumentar
o número de eleitores que utilizam cada urna reaproveitada das últimas
eleições. Ou seja, mais gente teria de votar em cada equipamento eletrônico, o
que pode provocar filas nas eleições municipais deste ano, entre outubro e
novembro.
“Temos de trabalhar com todas as hipóteses, então
sempre consideramos a pior delas para o desenvolvimento de um plano de
contingência. Vamos fazer toda uma estratégia de que, apesar disso, não tenha
prejuízo para o eleitor, não haja filas”, disse Giuseppe a jornalistas, depois
da sessão extraordinária convocada às pressas pela presidente do TSE, ministra Rosa Weber, durante as férias dos
magistrados.
A estratégia de otimização, explicou Giuseppe, é
utilizar o máximo de cada equipamento e colocar o máximo possível de eleitores
em cada urna. "A ideia é de fazer essa adequação no âmbito de local de
votação. Tem a escola A, por exemplo. Dentro dessa escola, vamos redistribuir
os eleitores, desativando algumas seções, distribuindo eleitores em
outras seções para que cada uma delas tenha o máximo de eleitores possíveis
para votação."
Por unanimidade, o TSE decidiu dar nesta
quarta-feira uma nova chance para que as duas empresas concorrentes da
licitação para a compra das novas urnas eletrônicas a serem utilizadas
na campanha municipal de 2020 corrijam falhas apresentadas até aqui. As
duas empresas que se inscreveram no certame – a Positivo e um consórcio formado
pela Smartmatic e Diebold – já foram desclassificadas por não
atenderem aos requisitos técnicos exigidos. Ambas ganharam um
prazo extra de oito dias para corrigirem as falhas e apresentarem um novo
modelo a ser testado pelo tribunal.
A licitação previa originalmente a aquisição de até
180 mil novas urnas, com um teto de gastos estimado em R$ 696,5 milhões. Em
resposta enviada à reportagem na última segunda-feira, 6, o tribunalhavia informado que esperava comprar
100 mil novos equipamentos. Agora, o TSE trabalha com um cenário
de 60 mil urnas, informou Giuseppe. “A licitação prevê o máximo de 180 mil
urnas, mas o orçamento que temos hoje é para 60 mil”, explicou.
Eleição municipal
facilidade implantação de ‘Plano B’, diz secretário
O secretário não afastou a possibilidade de as duas
concorrentes da licitação serem eliminadas. “Podemos ter a eliminação mais uma
vez das duas empresas, e aí, em consequência, não teríamos urnas de 2020 para
as eleições 2020. Já temos um plano de contingência para otimizar os
recursos que temos hoje”, reafirmou.
Segundo Giuseppe, o fato de a campanha de 2020
girar em torno da disputa municipal facilita a implantação desse “plano B”.
Isso porque, desta vez, eleitores escolherão apenas dois candidatos – um
vereador e um prefeito –, com um tempo de votação inferior ao das eleições
gerais, quando os brasileiros elegem até seis nomes – deputado estadual,
deputado federal, senador (um ou dois, dependendo do pleito), governador e
presidente da República.
“Agora vamos ter uma eleição municipal de dois
cargos. Isso diminui muito o tempo de votação, que chega em torno de 30, 40
segundos, o que viabiliza que se coloque mais eleitores por urnas, considerando
o tempo de votação menor. Esse cenário favorece um plano de otimização de
distribuição, de readequação de eleitores para cada equipamento”, avaliou
Giuseppe.
Caso a licitação naufrague, isso obrigaria o TSE
a utilizar as urnas adquiridas de 2009 a 2015, último ano em que o tribunal
comprou os equipamentos. De acordo com o TSE, o parque de equipamentos
disponível para as eleições é de 470 mil urnas, sem considerar a atual
licitação. “A última urna adquirida foi em 2015 e desde lá não tivemos mais
contratações de novas urnas. Então, nós estamos trabalhando desde essa época
utilizando o parque disponível”, comentou o secretário.

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