Democratas usam palavras de aliados de Trump contra ele em julgamento de
impeachment
Por David Morgan e Richard Cowan
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Reuters/Jonathan Ernst .
Por
David Morgan e Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - Os democratas aumentaram a
pressão no julgamento do impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, nesta quinta-feira, utilizando palavras de seus próprios aliados contra
ele para reforçar a tese de que suas ações representam irregularidades dignas
de um impeachment, mas seus correligionários republicanos não deram sinais de
que podem se voltar contra ele.
Os deputados democratas que servem como
procuradores no julgamento no Senado usaram o segundo dos três dias para a
apresentação de argumentações de abertura no processo, fazendo um apelo aos
senadores para condenar Trump em duas acusações: abuso de poder e obstrução do
Congresso, aprovadas pela Câmara dos Deputados no mês passado.
A Constituição norte-americana estabelece que um
processo de impeachment deve ser aberto para remover um presidente que cometa
"crimes e contravenções graves". A equipe jurídica de Trump argumenta
que as acusações da Câmara são inválidas pois precisariam representar uma
violação específica da lei criminal.
As acusações contra Trump são centradas em seu
pedido no ano passado de que a Ucrânia investigasse o rival democrata Joe Biden
e as ações do presidente para impedir uma investigação da Câmara dos Deputados
sobre o assunto.
"O impeachment não é uma punição para
crimes", disse o deputado democrata Jerrold Nadler aos senadores reunidos.
"O impeachment existe para abordar ameaças ao sistema político, se aplica
apenas a autoridades políticas e age não por encarceramento ou multas, mas apenas
pela retirada de poder político."
Nadler apresentou um videoclipe de um dos
principais defensores de Trump, o senador republicano Lindsey Graham,
argumentando durante o julgamento do impeachment do ex-presidente Bill Clinton
em 1999 que presidentes poderiam ser impedidos mesmo se a conduta em questão
não fosse uma violação criminal estatutária.
Nadler também mostrou um videoclipe do advogado
Alan Dershowitz, um dos membros da equipe jurídica de Trump, reconhecendo o
abuso de poder como digno de impeachment, e citou um memorando escrito pelo
procurador-geral William Barr, indicado por Trump, que sustentava a mesma tese.
A equipe jurídica de Trump já declarou que o caso
de abuso de poder é uma "teoria inventada" para uma contravenção de
impeachment "que enfraqueceria permanentemente a Presidência ao permitir
efetivamente que impeachments sejam baseados meramente em discordâncias
políticas".
Dershowitz disse no clipe que o abuso de poder
"certamente não precisa ser um crime. Se você tem alguém que corrompe o
cargo de presidente e que abusa da confiança e representa um grande perigo para
a nossa liberdade, você não precisa de um crime técnico".
"Como a nossa apresentação dos fatos indicou,
os artigos são inegavelmente apoiados pelas evidências acumuladas pela Câmara,
apesar das completas obstruções do presidente, que tentou bloquear todas as
testemunhas e documentos do Congresso dos Estados Unidos", disse Nadler.
Trump quase certamente será inocentado pelo Senado,
composto por 100 parlamentares, já que 53 deles são republicanos e seria
necessário o voto de dois terços do total para o presidente ser removido do
cargo.
(Reportagem de Patricia Zengerle, Karen Freifeld,
Susan Cornwell, Steve Holland, David Morgan, Lisa Lambert, Richard Cowan, Doina
Chiacu)
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