Agenda do
Congresso terá reformas, autonomia do BC e segunda instância
Agência Brasil
A agenda de reformas
em debate no Congresso Nacional promete movimentar o ano legislativo, que terá
início em fevereiro. Entre os temas que vão ocupar o debate parlamentar estão
as propostas de reformas tributária e administrativa, as que visam alterar
regras no Código de Trânsito, a que estabelece a autonomia do Banco Central e a
retomada do debate sobre a prisão após a condenação em segunda instância.
Reforma tributária é que mais avançou até o momento
Reforma tributária
A reforma tributária
é que mais avançou até o momento. Tramitam duas propostas no Congresso, sendo
uma na Câmara dos Deputados e outra no Senado. No final de 2019, foi instalada
no Congresso a comissão mista, formada por deputados e senadores, para unificar
os textos das duas casas.
A comissão, formada
por 15 deputados e 15 senadores, tem como presidente o senador Roberto Rocha
(PSDB-MA) e como relator o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). De acordo com o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a proposta deve reduzir e simplificar a tributação
sobre consumo e reorganizar o imposto sobre a renda.
“Que a gente possa
organizar a tributação da renda, tributar mais aqueles que têm mais recursos
para pagar. O Brasil tem sistemas que concentram e beneficiam a elite da
sociedade brasileira”, disse Maia quando foi criada a comissão.
Já o presidente do
Senado, Davi Alcolumbre, disse, no final do ano passado, que espera
aprovar o texto da reforma ainda no primeiro semestre, e descartou a criação de
novos impostos. “O Brasil não aguenta mais aumentar a carga tributária. O
Parlamento já decidiu que não vai fazer. O eixo da reforma tributária é a
simplificação, a desburocratização”.
Reforma
administrativa
A reforma
administrativa, por sua vez, quer mexer nas regras de remuneração e
estabilidade para os servidores públicos, dentre outros pontos. O governo
sinalizou, após adiar seu envio ao Congresso três vezes, que deve encaminhar a
proposta em fevereiro. O texto, no entanto, ainda não está pronto. Segundo
o presidente Jair Bolsonaro, ainda falta um “polimento final” na proposta.
Emendas
Também estará em
discussão nesse ano legislativo a proposta do governo batizada de Plano Mais
Brasil, que consiste em três propostas de emenda à Constituição, que mexem com
vários itens de receitas e despesas do governo federal e dos estados e
municípios.
Entre as medidas, o
governo propõe a redução da jornada e do salário do funcionalismo em até 25%; a
suspensão de concursos públicos; a proibição de progressões funcionais, exceto
para militares, Judiciário, membros do Ministério Público, diplomatas e
policiais; a flexibilização das aplicações mínimas em saúde e educação, que
podem liberar até R$ 50 bilhões para investimentos nos próximos 10 anos. O
argumento é que as ações são emergenciais e visam favorecer o reequilíbrio fiscal.
O Plano Mais Brasil
prevê ainda a extinção de 23% dos municípios brasileiros com baixa capacidade
de arrecadação e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Fundos Públicos,
que confere maior flexibilidade para abatimento da dívida pública com recursos
de fundos de diversas fontes originalmente criados com outros propósitos.
Carteira Verde e
Amarela
Outra discussão que
vai movimentar a agenda do Congresso é a que trata da Carteira de Trabalho
Verde e Amarela, criada por meio da Medida Provisória 905/2019, com
alterações em diversos dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Uma comissão mista foi formada no final de 2019 para debater a proposta.
O governo argumenta
que a proposta pode gerar, até 2022, cerca de 4 milhões de empregos, por meio
do incentivo para a contratação de jovens entre 18 e 29 anos de idade. Entre as
alterações propostas estão a redução da alíquota de contribuição do FGTS de 8%
para 2% e a redução da multa em caso de demissão sem justa causa, de 40% para
20%, desde que haja acordo entre as partes.
Existem pontos na
proposta, no entanto, que não devem ser mantido pelos parlamentares. Um deles
trata da taxação do seguro-desemprego. Além do senador Davi Alcolumbre, o
relator da proposta na Câmara, Christino Áureo (PP-RJ), admite mudanças.
O fim do registro
profissional de algumas categorias também deverá ser revisto. O relator entende
que o Ministério da Economia quis dar mais autonomia às categorias ao abolir o
registro, mas vê dificuldade para que isso ocorra em todos os casos. Ele citou
os jornalistas como um dos exemplos.
Banco Central
Em abril do ano
passado, o governo encaminhou ao Congresso o Projeto de Lei Complementar
(PLP) 112 /19, que trata da autonomia do Banco Central, sob o argumento de que
a independência da autoridade monetária ajudaria a diminuir a taxa de juros
estrutural da economia. Em dezembro, o presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia, anunciou que a intenção é votar a proposta em fevereiro, logo
após o retorno do recesso parlamentar.
Segunda instância
Outro tema que tomou
corpo no Congresso foi a discussão da prisão após condenação em segunda
instância. Em dezembro do ano passado, um projeto chegou a ser aprovado na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, e aguarda avaliação do plenário
da Casa. Mas o presidente do Senado, Davi Alcolumbre sinalizou disposição de
aguardar a tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que
tramita na Câmara dos Deputados.
Segundo o presidente
do Senado, a proposta é mais consistente do ponto de vista da
constitucionalidade e correria menos risco de ser contestada futuramente no
Supremo Tribunal Federal (STF). O governo também entende que a PEC é o melhor
caminho para alterar a legislação. A expectativa do líder do governo no Senado,
Fernando Bezerra (MDB-PE), é aprovar a proposta até abril.
Código de Trânsito
O projeto que altera
o Código de Trânsito Brasileiro também deve ocupar a atenção dos
parlamentares. O relator da proposta, deputado Juscelino Filho (DEM-MA),
rejeitou as principais propostas do governo, entre elas a que aumenta para 40 o
número de pontos necessários para a suspensão da Carteira Nacional de
Habilitação (CNH) e o que aumenta para 10 anos o prazo para renovação da
Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O presidente Jair Bolsonaro prometeu
vetar as alterações no projeto original.
Vetos
O Congresso
enfrentará, após o recesso, a análise de 25 vetos do presidente Jair Bolsonaro
ao pacote anticrime, aprovado em dezembro do ano passado. Outro veto que
será analisado é o que estendia até 2024 o prazo para o uso do Regime Especial
de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica
(Recine).

Nenhum comentário:
Postar um comentário