Israel reforça tropas na Cisjordânia após anúncio do plano de paz de
Trump
AFP
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Mandel Ngan Benjamin Netanyahu e Donald Trump durante o anúncio do plano de paz
para o Oriente Médio do presidente americano, em Washington
O Exército israelense reforçou sua presença na
Cisjordânia e nas proximidades de Gaza nesta quarta-feira (29), um dia depois
do anúncio do plano de paz proposto por Donald Trump para o Oriente Médio.
Embora a iniciativa americana tenha sido aceita de forma positiva por Israel,
na Palestina tem profunda rejeição.
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Mohammed Abed Manifestantes palestinos protestam contra o acordo de paz
proposto por Donald Trump, em Gaza
Esta noite, pouco depois do anúncio sobre os
reforços militares, foi registrado o disparo de um míssil contra Israel
procedente da Faixa de Gaza, segundo informações do exército israelense.
Em resposta, o exército de Israel, por sua vez,
anunciou que "caças (israelenses) atacaram vários alvos terrestres do
Hamas no sul da Faixa de Gaza".
Novos protestos contra o plano de paz ocorreram
nesta quarta-feira na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, deixando vários feridos.
Os líderes palestinos consideram que a proposta de Washington favorece os
interesses israelenses.
O presidente palestino Mahmud Abbas, que rejeitou
propostas de diálogo com o Estados Unidos nos últimos meses, declarou que o
plano "não acontecerá".
Abas deve explicar diante do Conselho de Segurança
da ONU em até duas semanas sobre a recusa ao plano, anunciou nesta quarta-feira
o embaixador palestino nas Nações Unidas, Riyad Mansur.
O plano da Casa Branca daria a Israel a soberania
sobre o Vale do rio Jordão, uma grande área estratégica da Cisjordânia ocupada
desde 1967. É nesse local que o exército israelense acaba de fortalecer a sua
presença e deve se tornar a nova fronteira oriental do país.
Com uma bandeira palestina em mãos, Thabit Atiya,
de 52 anos, participou de uma manifestação nesta quarta-feira em Tubas, situada
no vale.
"Estou aqui para expressar minha oposição
contra o plano de Trump", contou à AFP. "Queremos mostrar que a
Palestina não está vazia e que seus habitantes continuam aqui".
- "Oportunidade única" -
De acordo com o plano, Jerusalém continuará
sendo "a capital indivisível de Israel". Além disso, há a proposta de
criação de uma capital do Estado palestino nas proximidades da parte leste de
Israel. Em resposta, a Palestina considera que trata-se de uma proposta
inaceitável.
"É
impossível para qualquer criança, árabe ou palestina, aceitar que Jerusalém não
seja considerada como capital" de um Estado palestino, disse Abas, cujo
posicionamento coincide com o do movimento islâmico Hamas, que controla a Faixa
de Gaza, enclave geograficamente separado da Cisjordânia.
"O
acordo americano de paz para o Oriente Médio apenas copiou o plano de
Netanyahu", criticou Saëb Erekat, secretário-geral da Organização
para a Libertação da Palestina (OLP).
"Esse
plano não trará nenhuma solução e aumentará não somente as tensões, mas
provavelmente a violência e o derramamento de sangue", afirmaram as
Igrejas Católicas da Terra Santa, em comunicado conjunto oficial.
Da parte
israelense, as reações foram diferentes.
"A
história bateu em nossa porta ontem à noite e nos deu a oportunidade única de
aplicar a lei israelense em todas as colônias na Judeia e Samaria (nome dado
pelas autoridades de Israel à Cisjordânia) e no vale do rio Jordão",
parabenizou o ministro de Defesa, Naftali Bennett.
No
entanto, há membros da direita radical, aliados a Netanyahu, que se mostraram
contra alguns pontos do plano americano que propõe a criação de um Estado
palestino desmilitarizado.
"Não
deixaremos que a segurança de locais como Judeia e Samaria seja ameaçada",
afirmou Ysrael Gantz, uma das autoridades à frente das colônias no setor de
Ramala, na Cisjordânia.
Benny
Gantz, principal rival de Netanyahu nas próximas eleições, solicitou nesta
quarta-feira à noite que o parlamento israelense vote "sobre o
conjunto" de propostas existentes no plano.
- "Traição
do século" -
No mundo,
o plano de paz foi recebido de forma cautelosa. Apenas Ankara e o Irã reagiram
imediatamente, mostrando-se contrários à proposta. O Irã intitulou a iniciativa
como "a traição do século".
A ONU,
por sua vez, respondeu que continuará reconhecendo as fronteiras definidas em
1967, assim como afirmou a Jordânia.
O Egito,
que possui acordo de paz com Israel, tomou uma posição prudente ao sugerir que
as partes envolvidas examinem atentamente as propostas do acordo de paz.
Nesta
quarta-feira, a França chamou a atenção para a necessidade de uma solução que
respeite o direito internacional para todas as partes envolvidas.
A Arábia
Saudita disse que aprecia os esforços de Trump e sugeriu que Israel e Palestina
negociem diretamente. O reino, no entanto, reafirmou o seu compromisso
inquebrável com os palestinos.
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