Relatório de impeachment acusa Trump de abuso de poder
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picture-alliance/empics/S. Kilpatrick Trump nega as acusações contra ele e vem
chamando as investigações de
O Comitê de Inteligência da Câmara dos
Representantes dos Estados Unidos entregou nesta terça-feira (03/12) seu
relatório final do processo que pede o impeachment do presidente Donald Trump,
acusado de abusar de seu cargo ao solicitar interferência estrangeira nas
eleições de 2020.
Trump é acusado de condicionar o envio de ajuda
militar à Ucrânia e o agendamento de uma visita do presidente Volodymyr
Zelenskiy à Casa Branca à obtenção de informações prejudiciais ao
ex-vice-presidente americano Joe Biden, favorito à nomeação do Partido
Democrata para disputar as eleições presidenciais do próximo ano.
O relatório do comitê liderado pela oposição
democrata, que conduz o inquérito de impeachment iniciado no mês de setembro,
acusa ainda Trump de obstruir a investigação e de cometer improbidade no
exercício do cargo.
"As provas da má conduta do presidente são
contundentes, assim como as provas de sua obstrução ao Congresso", diz o
relatório redigido pelo presidente do Comitê de Inteligência, Adam Schiff. Por
si só, a acusação de obstrução já seria suficiente para servir de base a um
processo de impeachment.
"O inquérito de impeachment conclui que o
presidente Trump, pessoalmente e através da ação de agentes dentro e fora do
governo americano, solicitou a interferência de um governo estrangeiro, a
Ucrânia, para beneficiar sua reeleição", afirma o texto.
O relatório sintetiza informações obtidas em
semanas de depoimentos de autoridades do próprio governo envolvidas no
caso, que acusam o presidente e aliados de pressionarem o governo da Ucrânia a
abrir uma investigação sobre Biden e sobre o envolvimento de seu filho, Hunter
Biden, em atividades suspeitas no país do Leste Europeu.
"O presidente colocou seus interesses pessoais
acima dos interesses dos Estados Unidos, tentou minar a integridade do processo
eleitoral para a presidência dos EUA e colocou em perigo a segurança
nacional", afirma o relatório de 300 páginas.
"Ficamos estarrecidos com o fato de que a má
conduta do presidente não foi uma ocorrência isolada, tampouco teria sido o
produto de um presidente ingênuo", diz o documento, que acusa Trump de ter
exercido pressão sobre a Ucrânia durante meses.
A porta-voz da Casa Branca Stephanie Grisham
minimizou o conteúdo do documento, afirmando que ele "fracassou em
produzir quaisquer provas de irregularidade". Ela diz que o relatório se
assemelha a "divagações de um blogueiro em algum porão se esforçando para
provar algo, quando não há prova de nada".
O conteúdo do relatório deve ser votado pelos
membros do Comitê de Inteligência ainda nesta terça-feira, sendo então
encaminhado para o Comitê Judiciário da Câmara, que começará a avaliar o texto
em seguida.
Se esse segundo painel elaborar e aprovar acusações
contra o presidente, o plenário da Câmara votará para decidir se deve dar luz
verde à audiência de impeachment a ser realizada no Senado, em que os
republicanos têm maioria. São necessários os votos de dois terços dos senadores
para condenar o presidente e removê-lo do cargo.

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