Banco Central
será mais cauteloso com juros depois do fim do ano
Agência Brasil
Qualquer decisão
sobre a taxa Selic – juros básicos da economia – depois deste ano deverá ser
tomada com cautela, disse nesta quarta-feira (20), o presidente do Banco
Central (BC), Roberto Campos Neto. Em audiência na Comissão Mista de Orçamento
do Congresso, ele disse que a autoridade monetária será mais prudente em 2020.
Roberto Campos Neto disse que a autoridade monetária será mais
prudente em 2020
“O Copom [Comitê de
Política Monetária] cortou a Selic para 5%. Deixamos indicado que entendemos
que é possível fazer mais um movimento de igual magnitude e entendemos que
qualquer movimento adicional tem que ser feito com cautela”, declarou Campos
Neto.
Ao reduzir a Selic
para 5% ao ano, no menor nível da história, o próprio Copom tinha indicado que
os juros básicos sofrerão mais uma redução para 4,5% ao ano na próxima reunião
do órgão, em dezembro.
Inflação
Sobre a alta do
dólar nas últimas semanas, Campos Neto disse que o Banco Central não mudará a
política cambial e só tomará alguma providência caso a desvalorização do real
afete a inflação, refletindo-se nos preços. Ele reiterou que o principal
instrumento para segurar os preços continua a ser a taxa Selic, não
intervenções no câmbio.
“O importante para
gente é como o câmbio alimenta o canal de inflação. Eu disse que o importante é
ver se esse movimento de câmbio está fazendo que a expectativa de inflação, na
frente, seja elevada, porque isso acaba contaminando a curva de expectativa da
inflação e, se isso estiver acontecendo, obviamente temos que agir, e me referi
aos juros e não ao câmbio", disse.
Em audiência, de
terça-feira (19), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Campos Neto
declarou que a inflação está em níveis baixos e estável no curto,
médio e longo prazo.
Polarização
O presidente do BC
também comentou que a polarização política e a guerra comercial entre Estados
Unidos e China têm afetado investimentos em todo o planeta. Segundo ele, o
Brasil, assim como outros países, tem sido vítima de uma conjuntura
internacional complicada, que desacelera o comércio e o crescimento econômico
globais.
“Tem um tema muito
importante também, além da guerra comercial, da tensão comercial, que é o tema
geopolítico que nós estamos vendo em diversas partes do mundo, a polarização
política. Tudo isso tem afetado os investimentos de uma forma mais definitiva”,
comentou.
Campos Neto
compareceu à Comissão Mista de Orçamento para tratar dos objetivos e das metas
para as políticas monetária, de crédito e cambial. Ontem (19), na audiência na
Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, ele atribuiu a recente alta do dólar
à frustração do leilão do excedente da cessão onerosa e anunciou um
projeto para “redesenhar” a cobrança de juros no cheque especial.
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