Petróleo nas praias do
nordeste: o que já se sabe
Ingrid Luisa
Maragogi (AL), Praia do Forte (BA), Porto de Galinhas (PE),
Praia do Futuro (CE), Pipa (RN), João Pessoa (PB). Parece uma lista de paraísos
brasileiros que você deve conhecer – mas, infelizmente, são apenas alguns
dentre os 132 pontos do litoral brasileiro atingidos por manchas de petróleo.
O vazamento já atinge todos os 9 estados do nordeste.
Acredita-se que o óleo começou a aparecer nas praias no início de setembro, mas
demorou quase um mês para despertar a atenção de órgãos oficiais. Em comunicado
emitido no dia 25 de setembro, o Ibama alega estar investigando os casos desde
o início, captando amostras e analisando as manchas de óleo.
Segundo o relatório do Ibama, o trecho mais prejudicado vai
do extremo sul de Alagoas (Piaçabuçu) ao extremo norte da Bahia (Conde). Já
foram identificadas manchas de óleo em uma faixa de 2 mil quilômetros da costa
brasileira. Até agora, são 133 toneladas de petróleo retiradas das praias. O
litoral de Sergipe é o que tem mais pontos de óleo. Dá para ver um pouco do
estrago no vídeo abaixo:
As autoridades acreditam que o vazamento pode ter sido
causado por um navio-tanque que transportava o recurso fóssil para longe da
costa. Dois barris de petróleo foram encontrados em duas praias do estado de
Sergipe, o primeiro no município da Barra dos Coqueiros, litoral norte
sergipano, e o outro na Praia Formosa, zona sul da capital Aracaju.
Sergipe é um dos estados mais afetados do país. São 14
pontos de óleo e várias praias interditadas, o que fez governo estadual
decretar situação de emergência. Um gabinete de crise foi criado para
acompanhar o caso e, após encontro do governador, Belivaldo Chagas, com o
ministro do meio-ambiente, Ricardo Salles, anunciou-se uma força tarefa do
governo estadual e federal para lidar com o problema.
Investigações do Ibama apontam que o óleo que está poluindo
todas as praias tem uma mesma origem – e não é brasileira. Segundo análises, o
produto é um tipo de petróleo puro que o Brasil não produz. Em nota, o Ibama
informou ter pedido apoio à Petrobras para atuar na limpeza das praias.
Há diversas possibilidades para a origem do óleo. Segundo a
Folha de S.Paulo, relatórios sigilosos apontam indícios de que seja petróleo
venezuelano. Apesar das especulações, nada oficial foi liberado, e o presidente
Jair Bolsonaro alegou não poder citar nominalmente nenhum país.
Até agora, pelo menos doze animais sofreram os efeitos da
substância viscosa – onze tartarugas marinhas e um golfinho – e oito deles
morreram.
O Ibama está constantemente atualizando os dados sobre o
caso. Neste link você pode acompanhar o relatório de todas as localidades em
que apareceram manchas, e neste outro, você acompanha os locais que tiveram
fauna afetada.
Pedras (de óleo) no sapato
Além dos prejuízos ambientais claros, o óleo está se
espalhando por regiões ambientais essenciais para o país, como a foz ddo rio
São Francisco, localizada no município de Piaçabuçu, litoral extremo sul de
Alagoas. Segundo o Ibama, a mancha está fixada em um ponto da areia da praia, a
cerca de 150 metros do rio. A Petrobras foi acionada para fazer a limpeza antes
que haja risco de o material se espalhar de vez.
Com 2.800 quilômetros de extensão, o Rio São Francisco banha
cinco estados brasileiros (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe)
e não à toa é chamado de ‘Rio da Integração Nacional’. Além de uma grande área
do país depender diretamente de suas águas (no semiárido nordestino, ele é uma
das poucas fontes de água potável em várias regiões), ele é importante também à
geração de energia: são seis usinas hidroelétricas construídas ao longo do seu
percurso.
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