Segundo dia de tensão na Catalunha após condenação de líderes
separatistas
afp.com
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Kenzo Tribouillard Um ativista da independência da Catalunha protesta em
Bruxelas, em 15 de outubro de 2019
Manifestantes separatistas catalães entraram em
confronto nesta terça-feira (15) com a polícia pelo segundo dia consecutivo de
protestos contra a condenação de nove líderes do movimento a penas de até 13
anos de prisão por seu envolvimento na frustrada tentativa de secessão de 2017.
No fim da tarde, grupos que lutam pela
independência da Catalunha realizaram manifestações com velas diante de prédios
do governo espanhol nas principais cidades da região
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Em Barcelona, num ato que reuniu cerca de 40 mil
pessoas, segundo autoridades locais, a polícia avançou contra centenas de
manifestantes, entre eles muitos jovens com os rostos escondidos por lenços e
máscaras, que responderam lançando garrafas, pedras e sinalizadores, além de
acenderem fogueiras diante de um cordão de isolamento formado por agentes de
segurança na frente de um prédio do governo central, constatou um jornalista da
AFP.
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Pau Barrena Manifestantes enfrentam a polícia diante do aeroporto El Prat em
Barcelona, no dia 14 de outubro de 2019
A emissora de TV regional exibiu também uma ação da
polícia contra os separatistas que participavam de um protesto em Tarragona,
100 km ao sudoeste de Barcelona.
Antes, os manifestantes bloquearam ferrovias e
várias estradas, entre elas a AP-7 que liga Espanha à França e a A-2, entre
Barcelona e Madri.
"Não há como parar a mobilização, ela vai
continuar", advertiu Javier Martínez, um bancário de 60 anos no protesto
de Barcelona. "É necessário forçar para que se tenha um diálogo e que o
Estado venha conversar", acrescentou.
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Josep Lago Uma manifestante protege o rosto da espuma de um extintor diante de
um policial no aeroporto El Prat em Barcelona, no dia 14 de outubro de 2019
"Agora mesmo não vejo possível um referendo
mas, para isso, temos que ir às ruas para que possa ocorrer", declarou
Gemma Gelpí, com cerca de 60 anos, que também estava no protesto.
- Inspirados em Hong Kong -
Na véspera, a misteriosa associação Tsunami Democrático
fez uma convocação para paralisar o aeroporto de Barcelona.
Seguindo o exemplo dos manifestantes pró-democracia
de Hong Kong, cerca de 10 mil pessoas segundo o governo espanhol foram no
início da noite para o aeroporto tentar bloquear os acessos ao terminal.
Durante horas foram registrados confrontos com a
segurança do local, que avançou contra a multidão disparando balas de borracha
e espuma.
Mais de cem voos foram cancelados, muitos
passageiros não puderam desembarcar e centenas deles passaram a noite no
aeroporto, segundo a entidade gestora do serviço aeroportuário espanhol (Aena).
Os efeitos duraram até a tarde desta terça, com 45 voos cancelados.
Pelo menos 115 pessoas necessitaram de atendimento
médico no aeroporto, entre elas um manifestante que perdeu a visão de um olho
por conta de um ferimento "compatível" com o provocado por uma bala
de borracha, de acordo com fontes da área da saúde.
Para esta quarta estão previstos novos atos de
protesto em diferentes pontos da região, que devem culminar com uma grande
passeata prevista para sexta-feira em Barcelona, no mesmo dia para o qual foi
convocada uma "greve geral".
"As sentenças abrem um novo ciclo
político", disse à AFP o presidente do Parlamento regional, o separatista
Roger Torrent.
Nesta etapa, o separatismo deve criar as condições
"para que o Estado não tenha mais escolha além de sentar-se numa mesa de
diálogo", acrescentou.
- Horizonte de semiliberdade -
Após quatro meses de julgamento e outros quatro de
deliberação, os juízes do Supremo Tribunal decretaram penas de prisão de 9 a 13
anos para nove acusados na tentativa de secessão de outubro de 2017.
O ex-vice-presidente regional catalão Oriol
Junqueras recebeu uma pena de 13 anos de prisão, a maior sentença contra os
separatistas processados.
Três antigos conselheiros (ministros regionais)
foram condenados a 12 anos; outros dois ex-conselheiros a 10 anos e meio; a
ex-presidente do Parlamento regional a 11 anos e meio, e dois líderes do
ativismo separatista a nove anos.
Além disso, após a condenação, a promotoria emitiu
um novo mandado de prisão por sedição e peculato com base nos mesmos crimes
contra o ex-presidente regional Carles Puigdemont, que fugiu para a Bélgica
após a tentativa de secessão.
O principal tribunal espanhol considerou que o
referendo ilegal de 1º de outubro de 2017 e a posterior declaração de
independência corresponderam a um movimento para impedir a aplicação das
decisões judiciais e da lei.
Perto das eleições legislativas previstas para 10
de novembro, o governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez mostrou firmeza
diante dos separatistas.
Segundo Sánchez, as penas serão cumpridas
integralmente, enquanto o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska,
descartou qualquer tipo de indulto.
Apesar disso, a lei prevê a possibilidade de
liberdade em poucos meses para os dois ativistas, Jordi Sánchez e Jordi
Cuixart. Esta decisão depende da administração regional, nas mãos dos
separatistas.
- Batalha pela opinião pública -
O anúncio das sentenças abriu uma guerra nos veículos
de comunicação entre o governo espanhol e as autoridades regionais.
O ministro de Exteriores, o catalão Josep Borrell,
que tem bom trânsito com as autoridades da União Europeia, denunciou a
"atitude totalitária" do governo separatista, que "pensa que os
catalães são apenas aqueles que seguem suas ideias".
Segundo uma pesquisa publicada em julho por um
instituto ligado ao governo catalão, 44% dos catalães querem a independência,
enquanto 48,3% são contrários à iniciativa.
Após visitar alguns dos líderes detidos, o
presidente regional, Quim Torra, classificou o julgamento de
"pantomima" e convocou pessoalmente a população para as
manifestações.
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