UE não vê motivos suficientes para reabrir negociações do Brexit
Da Redação
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Francois Lenoir/Reuters O negociador-chefe da União Europeia para o Reino
Unido, Michael Barnier: sem otimismo sobre novo pacto - 04/09/2019
O principal negociador da União Europeia
para questões do Reino Unido,
Michel Barnier, disse nesta quinta-feira, 12, não existir motivos suficientes
para o início de novas negociações sobre um acordo para o Brexit, enquanto o
presidente da Eurocâmara, David Sassoli, afirmou que os parlamentares não
aprovarão o “divórcio” sem que a salvaguarda para a fronteira das Irlandas
esteja garantida.
A posição avessa dos europeus à
negociação de um novo acordo que permita a saída mais tranquila do Reino Unido
do bloco surge a apenas 50 dias do início do Brexit, em 31 de outubro. No Parlamento
britânico, o governo ainda se mostra favorável à saída nessa data, mesmo sem
acordo. A oposição, engordada por conservadores dissidentes, quer forçar o
primeiro primeiro-ministro, Boris Johnson,
a negociar e concluir o pacto ou então postergar o Brexit para 31 de janeiro.
Segundo o jornal britânico The
Guardian, em encontro privado com os líderes do parlamento europeu,
Barnier disse que Johnson ainda não apresentou uma alternativa para
resolver a situação da fronteira das Irlandas. Trata-se do ponto mais delicado
de um possível acordo.
“Veremos se nas próximas semanas os britânicos
serão capazes de apresentar uma proposta por escrito e legalmente operacional”,
disse. “Como nós chegamos anteriormente a um acordo, até onde eu posso falar,
nós não temos razões para ser otimistas”, concluiu Barnier.
A ex-primeira ministra Theresa May
chegara a um acordo com Bruxelas, rejeitado três vezes pelo Parlamento
britânico. Johnson não quer retomá-lo porque, ao preservar as regras de mercado
comum na fronteira entre a europeia República da Irlanda e a britânica Irlanda
do Norte – o chamado backstop -, Londres ficaria ainda atada à União
Europeia. Boa parte do Parlamento, no entanto, acredita que sem essa opção, o
conflito naquela região ressurgirá.
Atualmente, a fronteira é imaginária, ou seja, não
há controle alfandegário, e as pessoas podem transitar livremente entre os dois
países. “Não haverá um acordo sem a salvaguarda (a exceção para as
Irlandas). Essa é a nossa posição. Se eles não querem conversar sobre isso,
significa que não querem negociar”, afirmou Sassoli.
Além da aprovação da Câmara dos Comuns, um possível
acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia também precisa passar pela
Eurocâmara. Os parlamentares europeus pretendem votar na semana que vem uma
resolução que afirma que o pacto negociado com Theresa May é justo e
equilibrado.
Apesar de afirmar taxativamente que não haverá
acordo sem a salvaguarda para a Irlanda, Sassoli disse que a Eurocâmara está
disposta a analisar as propostas que o Reino Unido vier a apresentar.
Também houve rumores de que Londres apresentaria
uma nova proposta, na qual a salvaguarda só manteria a Irlanda do Norte
integrada ao mercado único europeu, e não o Reino Unido como um todo, como prevê
o texto firmado por May. Sassoli estaria disposto a considerá-la. Johnson,
porém, desmentiu os boatos na quarta-feira 11. “Isso simplesmente não funciona
para o Reino Unido”, disse.
O presidente da Eurocâmara também falou sobre a
suspensão do Parlamento britânico, solicitada por Johnson à rainha Elizabeth
II. Segundo ele, todos ficaram “surpresos” com a decisão do primeiro-ministro
do Reino Unido.
“Defendo que os parlamentos permaneçam abertos de
forma permanente, em especial quando estão decidindo sobre o destino de um
grande país, como o Reino Unido. Se você não puder debater o destino de um país
em um Parlamento, onde poderá fazê-lo?”, questionou o político italiano.
(Com EFE)

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