Mourão: Bolsonaro mandou Paulo Guedes demitir Cintra
Ingrid Soares
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Sérgio Lima/AFP
Durante coletiva de imprensa na tarde
desta quarta-feira (11/9) no Palácio do Planalto, o presidente interino
Hamilton Mourão afirmou que a demissão do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra,
foi uma decisão do presidente Jair Bolsonaro. Ele reafirmou que a discussão
sobre o CPMF tornou-se ‘pública demais’, antes mesmo de o presidente Jair
Bolsonaro emitir uma opinião sobre o assunto.
“Foi decisão do presidente. A questão do imposto de
transação financeira, que o presidente não tem nenhuma decisão a esse respeito
e acha que a discussão se tornou pública demais antes de passar por ele, antes
de ter sido discutido com ele. Esse troço transbordou e foi discutido em rede
social e o presidente não gostou. O presidente também não é fã desse imposto”,
emendou Mourão.
O chefe do executivo em exercício disse ainda que
chegou a se reunir com Guedes e falaram sobre o assunto. “Você já ouviu falar
sobre a solidão de comando? Pois é. Tanto eu, quanto o Guedes padecemos disso
aí. Ano passado, durante a campanha, a gente sempre se encontrava para almoçar.
Fazia tempo que a gente não conseguia fazer isso. Aí hoje, eu estava lá no RCG,
ele me ligou e fomos almoçar. Falamos sobre o assunto. Ele compartilhou a
angústia com essa situação e eu disse: Vamos aguardar a decisão do presidente.
Aí veio a decisão do presidente”. “O ministro Guedes cumpre as orientações do
presidente”, acrescentou.
Sobre a insatisfação anterior do governo com
Cintra, que dava declarações que se contrapunham contra o próprio presidente
Bolsonaro, Mourão disse que não chegou a discutir com o presidente, mas que
considera Cintra extremamente comprometido e competente.
“Nunca discuti isso com o presidente, então não
posso responder dessa forma. Eu considero o professor Marcos Cintra
extremamente comprometido, competente. Ele tem as ideias dele. É óbvio, cada um
de nós que tem as suas ideias tem que defender até a decisão do decisor. Pode
até parecer pleonasmo, mas é dessa forma que eu vejo as coisas. Tem que
discutir, buscar, apresentar argumentos para aquilo que você acha mais correto
até a hora que quem tem a responsabilidade por decidir, tomar a sua decisão e a
partir daí aquela passa a ser a nossa decisão”.
Questionado se Bolsonaro precisa ser convencido
sobre o imposto, uma vez que até mesmo Paulo Guedes o defende, Mourão disse que
há um desgaste prematuro em certos assuntos do governo: “Isso tem que ser
discutido. Vamos supor que o governo considere que tem que encaminhar ao
Congresso. Quem é que vai decidir?O Congresso. Se o Congresso quiser vai
ocorrer, se não, não vai ocorrer. A gente se desgasta prematuramente em alguns
assuntos, deixa a turma discutir, vamos somar os números aí, chegar a conclusão
do que é melhor”, ponderou.
Mais cedo, Bolsonaro afirmou por meio do Twitter
que Marcos Cintra foi demitido da Receita Federal por tentar recriar a antiga
CPMF. O chefe do executivo disse ainda que a demissão aconteceu por
divergências no projeto da reforma tributária.
Segundo o exposto, a criação de novos impostos
também está fora do radar do governo.
Em nota, o Ministério da Economia comunicou que a
saída foi um pedido do próprio secretário e esclareceu que ainda não há um
projeto de reforma tributária finalizado.

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