Oceanos podem se tornar mais quentes, ácidos e menos produtivos, alerta
ONU
Em
relatório, Organização aponta que é urgente priorizar "ações oportunas,
ambiciosas e coordenadas" para enfrentar mudanças sem precedentes
Por Agência
Brasil com informações da RTP
25/09/19 - 09h58
Oceanos podem se tornar mais quentes, ácidos e
menos produtivos, alerta ONU
O Painel Intergovernamental sobre as Alterações
Climáticas (IPCC), criado pelas Nações Unidas (ONU), apresentou nesta
quarta-feira (25) um relatório dedicado aos efeitos das alterações climáticas
nos oceanos e nas massas de gelo permanentes da Terra. A devastação dos mares e
das regiões geladas devido às alterações climáticas é o grande problema
apontado no documento.
É urgente priorizar "ações oportunas,
ambiciosas e coordenadas" de forma a enfrentar estas mudanças "sem
precedentes e duradouras" nos oceanos e na criosfera – regiões cobertas
por gelo e neve permanentes e que constituem 10% da superfície do planeta –,
alerta o relatório.
Durante este século, os oceanos poderão sofrer
alterações "sem precedentes", com temperaturas mais altas, água mais
ácida, menos oxigénio e condições alteradas de produção de recursos.
O gelo das regiões geladas, como o Ártico por
exemplo, estão derretendo a um ritmo nunca antes registado e, em consequência,
o nível dos oceanos está elevando pondo em causa a vida de mais de milhões de
pessoas, advertem os cientistas no documento.
O IPCC estabelece que "o oceano e a criosfera
acolhem habitats únicos e estão ligados a outros componentes do sistema
climático através de trocas globais de água, energia e carbono".
A verdade é que cerca de "670 milhões de
pessoas nas regiões de alta montanha e 680 milhões de pessoas nas zonas
costeiras mais baixas dependem diretamente destes sistemas". Por exemplo,
pelo menos "4 milhões de pessoas vivem permanentemente na região do
Ártico" e serão afetadas com o degelo e a subida do nível do mar.
Este relatório destaca, ainda, os benefícios de uma
adaptação "ambiciosa e eficaz para o desenvolvimento sustentável" e
os "custos e riscos crescentes de uma ação adiada".
Mais 1ºC
A temperatura global já "atingiu 1.ºC acima do nível pré-industrial", alertam os cientistas. Este aquecimento global deve-se às "emissões passadas e atuais de gases de efeito de estufa" e já há provas "esmagadoras de que isso pode provocar profundas consequências para os ecossistemas e as pessoas".
A temperatura global já "atingiu 1.ºC acima do nível pré-industrial", alertam os cientistas. Este aquecimento global deve-se às "emissões passadas e atuais de gases de efeito de estufa" e já há provas "esmagadoras de que isso pode provocar profundas consequências para os ecossistemas e as pessoas".
Os cientistas do painel constataram que os oceanos
estão aumentando a temperatura desde 1970, absorvendo "mais de 90% do
calor em excesso no sistema climático", com ondas de calor marinho duas
vezes mais frequentes desde 1982.
"Ao absorver mais dióxido de carbono, o oceano
sofreu um aumento da acidez à superfície", esclarecem os cientistas,
considerando muito provável que 20 a 30% do dióxido de carbono (CO2) emitido
pela atividade humana desde 1980 foi parar no oceano e provocou uma perda de
oxigénio desde a superfície marinha até aos mil metros de profundidade.
O problema é que com o degelo e a diminuição
permanente das massas geladas ameaça libertar ainda mais dióxido de carbono e,
assim, acelerar ainda mais esta devastação dos oceanos e da criosfera.O IPCC
diz que esta subida do nível médio global dos oceanos foi acentuada no período
de 2006 a 2015 em relação ao último século e a um ritmo de 3,6 milímetros por
ano, atribuindo-a principalmente às massas de gelo e glaciares que derreteram.
Na Antártida, as perdas de gelo "triplicaram
no período entre 2007 e 2016 em relação ao período 1997-2006", o relatório
conclui com "confiança alta" que "a causa dominante da subida do
nível médio do mar desde 1970 tem origem humana".
Os cientistas prevêem que a subida do nível dos
oceanos atinja 15 milímetros por ano em 2100 e "vários centímetros por ano
no século XXII". No entanto, não descartam a possibilidade de a subida do
mar ser uma realidade anual ainda neste século.
Os
cientistas do painel dizem que uma "redução urgente das emissões de gases
de efeito estufa" pode limitar e desacelerar as mudanças nos oceanos e na
criosfera, assim como possivelmente preservar "os ecossistemas e os meios
de subsistência" que dependem dos oceanos.
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