O decoro em pauta
Manoel Hygino
Até se admite que o
Brasil procure imitar o presidente dos Estados Unidos de hoje, muito distante
daquela outra nação que teve chefes de governo ponderados, sem excesso no uso
da língua pátria – a deles, claro. Educação é essencial para os que se
responsabilizam por dirigir os destinos de um país, com as dimensões das
antigas colônias, agora maior potência do planeta.
O presidente dos
EUA, que se prepara para candidatar-se à reeleição, declarou, em seu Twitter,
que quatro parlamentares democratas de origem estrangeira ou de seus ancestrais
deveriam retornar a seus países. Em uma de suas recentes declarações,
classificou as terras de origem das deputadas de “países de merda”.
Embora sem mencionar
nomes, Trump referiu-se a elas como integrantes de um grupo conhecido como “o
esquadrão”, muito crítico ao presidente. São elas Alexandria Ocasio-Cortez,
nascida nos EUA, mas de origem latina; Ayanna Pressley, nascida em solo
americano, mas de origem africana; Rashida Tlaib, nascida nos Estados Unidos e
de origem palestina; e Ilhan Omar, nascida na Somália, mas nacionalizada
americana.
Pois alguns
brasileiros, em termos de deseducação, parecem seguir de perto alguns súditos
do Tio Sam, como se depreende do artigo de Fábio P. Doyle, advogado,
jornalista, membro da Academia Mineira de Letras, a respeito da visita do
ministro Sérgio Moro ao Congresso: “perdeu tempo em depoimentos no Senado e na
Câmara dos Deputados, submetendo sua paciência à prova, tendo que ouvir, sem
revidar, educado em excesso que é, deputados amolecados que o acusavam usando
palavrões de baixíssimo nível”.
De minha parte, há
poucos dias, espantei-me com a expressão de um alcaide de cidade grande durante
desfile LGBT. Partindo de um chefe de Executivo, causou-me estranheza o calão,
evidentemente a ser divulgado. No dia seguinte, o assunto apareceu, em manchete
de jornal local, com o palavrão.
Veio-me à memória
reportagem de “Isto é”, em 2016, descrevendo o comportamento da ex-presidenta
(assim gostava de ser tratada), durante uma viagem em um Airbus A319, com
destino ao Equador. Tripulantes e passageiros a bordo ficaram estupefatos com o
palavreado da mais alta autoridade do país. Depois de forte turbulência, ela
invadiu a cabine do piloto, aos berros: “Você está maluco? Vai se f... É a
presidente que está aqui. O que está acontecendo?”.
Não era a primeira
vez que ela perdia o equilíbrio durante um voo. Em outra ocasião, o avião
despencou cem metros, enquanto passava pela região entre a floresta amazônica e
o Acre. O piloto se preparava para pousar em Quito. Devido um tranco mais
brusco, Marco Aurélio Garcia, o notório assessor especial, acabou banhado de
vinho e uma Ajudante de Ordens bateu com a cabeça no teto da aeronave. Copos e
pratos voaram. A ilustre passageira, gritou: “não falei para não pegar esse
trajeto? Quer que eu morra de susto, cacete?”.
Nos dias finais de
sua passagem pela presidência, a presidenta “disparava palavrões aos borbotões
a cada nova e frequente má notícia recebida. Nem com Lula as conversas têm
sidos amenas”. Com um assessor, investiu contra o juiz Sérgio Moro: “quem esse
menino pensa que é? Um dia ele ainda vai pagar pelo que vem falando”.
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