Trump e Xi declaram trégua na guerra comercial no encerramento do G20
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Brendan Smialowski O presidente americani, Donald Trump, o primeiro-ministro
japonês, Shinzo Abe, e o presidente chinês, Xi Jinping, na reunião do G20 em
Osaka
Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e
da China, Xi Jinping, concordaram neste sábado em retomar as negociações
comerciais após uma reunião bilateral no último dia do encontro de cúpula do
G20 em Osaka (Japão), evento marcado pelo confronto entre as duas grandes
potências econômicas.
"Tivemos uma reunião muito boa com o
presidente chinês Xi. Eu diria que excelente", afirmou Trump.
A agência oficial chinesa Xinhua informou que as
negociações, interrompidas em maio, devem serão retomadas e que Washington
desistiu da ameaça de impor novas tarifas de importação que teriam afetado 500
bilhões de dólares em produtos chineses importados a cada ano pelos Estados
Unidos.
"Ao menos neste momento", disse Trump em
uma entrevista coletiva.
Trump também falou, sem entrar em detalhes, sobre a
possibilidade de suavizar o veto ao grupo tecnológico chinês Huawei, um ponto
sensível na complexa relação comercial entre as potências econômicas, mas sem
explicar se isto significa que uma mudança de postura de Washington a respeito
da Huawei.
A trégua é similar a que foi declarada pelos dois
presidentes no G20 do ano passado em Buenos Aires, embora meses depois a guerra
comercial tenha recomeçado.
"É a questão dominante, o restante é
secundário", opinou Thomas Bernes, do 'Centre for International Governance
Innovation', um grupo de pesquisas canadense.
Neste sentido, o comunicado final do fórum criado
em 2008 e que reúne 20 países, que representam 85% do Produto Interno Bruto
(PIB) mundial, adverte que "as tensões comerciais e geopolíticas se
intensificaram" e podem afetar um crescimento mundial que já está
enfraquecido.
- UE-Mercosul, antídoto ao protecionismo -
Quase no mesmo momento em que Xi e Trump estavam
reunidos, os líderes da União Europeia (UE) e do Mercosul fizeram uma
declaração solene após o acordo anunciado na sexta-feira em Bruxelas para um
ambicioso tratado comercial entre os blocos, após 20 anos de negociações.
"É uma das poucas boas notícias que tivemos em
meses, no que todos acreditamos que é interconectar mais estas economias",
afirmou o presidente argentino Mauricio Macri, ao lado do presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Também estavam presentes o presidente da França,
Emmanuel Macron, a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente do Brasil, Jair
Bolsonaro, e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, entre outros, em uma
demonstração de unidade e da aposta no multilateralismo ante o protecionismo
defendido por Trump.
A ratificação do acordo será complexa, no entanto,
porque exige a aprovação dos países membros da UE, cujos agricultores, em
particular os franceses, são reticentes à entrada de produtos sul-americanos.
A diretora do principal sindicato agrícola francês
(FNSEA), Christiane Lambert, chamou o acordo de "inaceitável.
Difícil acordo sobre
o clima
A questão comercial não foi a única a esbarrar em
visões divergentes. Como havia acontecido em 2018 na reunião de Buenos Aires,
19 dos 20 países membros do G20, sem a assinatura dos Estados Unidos, reafirmaram
neste sábado, no comunicado final, o compromisso para aplicar o Acordo de Paris
e lutar contra a mudança climática.
Os signatários recordam a
"irreversibilidade" do acordo, em uma declaração final similar a do
G20 do ano passado, mas que enfrentou a oposição de Washington.
Se há alguns anos o tradicional comunicado final
era uma questão meramente protocolar, com textos que sempre defendiam o
multilateralismo e a luta contra a mudança climática, com a chegada de Trump ao
poder se tornou um campo de batalha.
Neste sentido, os analistas apontam que o fórum,
criado emn 2008 para dar uma resposta à crise mundial, foi desvirtuado pelos
interesses de cada país, uma situação simbolizada por Donald Trump com sua
série ininterrupta de encontros bilaterais com líderes de todo o mundo.
O presidente americano voltou a ser o protagonista
absoluto do G20, com reuniões com o presidente russo Vladimir Putin, o
brasileiro Jair Bolsonaro ou o príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman.
Trump também anunciou de modo surpreendente neste
sábado uma proposta ao líder norte-coreano Kim Jong Un para uma reunião com ele
na Zona Desmilitarizada (DMZ) que divide as duas Coreias, aproveitando sua
visita a Seul.
A respeito do príncipe saudita, declarou que ele
faz "um trabalho espetacular". Trump disse que o assassinato do
jornalista opositor Jamal Khasoggi o deixou "extremamente irritado",
mas completou que "ninguém" considera Mohamed bin Salman responsável.
A declaração contrasta com um relatório recente da
ONU, que que afirma ser "inconcebível" que o príncipe herdeiro não
estivesse a par da operação que terminou com o assassinato do jornalista no
consulado saudita em Istambul (Turquia).
Além do Mercosul, a agenda latino-americana em
Osaka também foi marcada por uma reunião do Grupo de Lima, que voltou a
criticar o "regime ilegítimo" de Nicolás Maduro na Venezuela e pediu
uma mobilização internacional para ajudar os venezuelanos.
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