Moro diz no Senado que invasão de celulares visa invalidar condenações e
atrapalhar investigações
© Reuters/ADRIANO MACHADO Ministro da Justiça,
Sergio Moro
O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou nesta
terça-feira que a invasão de telefones celulares de autoridades como ele e
procuradores da República visa invalidar condenações por corrupção e lavagem de
dinheiro e atrapalhar investigações em curso, além de representarem um ataque
às instituições.
"Utilizam isso para fins de minar os esforços
anticorrupção, que não foi uma conquista de procuradores e minha, mas da
sociedade brasileira", disse Moro, em declaração inicial durante audiência
na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
O comparecimento de Moro à CCJ ocorre após o
ministro se dispor a ir ao Senado para explicar supostas trocas de mensagens
por aplicativo de celular quando era o principal juiz da Lava Jato com
procuradores da força-tarefa da operação em Curitiba, noticiadas pelo site The
Intercept.
O ministro da Justiça disse ter agido sempre
conforme a lei à frente da condução da Lava Jato. Ele minimizou o teor das
supostas conversas, que destacou não poder reconhecer a autenticidade, dizendo
que eventualmente podem ter ocorrido, mas que não seriam nada que não pudesse
ter havido em uma conversa informal.
"Evidentemente não tenho nada aqui a esconder,
a ideia é vir aqui esclarecer o sensacionalismo que tem se criado em torno
dessas notícias", disse ele, ao criticar o fato de o site não tê-lo
procurado para se pronunciar antes da publicação. Moro disse que as mensagens
podem ter sido total ou parcialmente adulteradas.
Moro disse que as supostas conversas, segundo
juristas, não revelam quaisquer ilícitos ou irregularidades.
Oposicionistas e mesmo integrantes de partidos
independentes criticaram o ministro nos últimos dias diante das revelações,
alguns deles chegando a defender até o afastamento de Moro do cargo. O
presidente Jair Bolsonaro, contudo, tem dado demonstrações públicas de apoio a
Moro e já disse que a possibilidade é "zero" de demiti-lo.
Antes da fala inicial de Moro, o líder do PT no
Senado, Humberto Costa (PE), questionou o comando da CCJ sobre em qual condição
Moro comparece ao colegiado, se investigado pelo fato de que já há
procedimentos apurando o episódio.
A presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS), disse
que Moro se encontra na condição de ministro de Estado por ter se oferecido
espontaneamente para se explicar.
(Por Ricardo Brito)
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