Trump explode de raiva em reunião com democratas
Lúcia Guimarães
O salão de reuniões da Casa Branca
estava escurecido, as cortinas fechadas. O presidente Donald Trump
entrou, não apertou a mão de ninguém. A rodada entre membros do gabinete e a
liderança democrata estava marcada para discutir um plano de obras de
infraestrutura avaliado em 2 trilhões de dólares. Mas, em vez de falar sobre
estradas e pontes, um exaltado Trump acusou a líder da maioria democrata na
Câmara, Nancy Pelosi, de ter dito algo “terrível” sobre ele.
Antes de ir a Casa Branca, Pelosi
havia se reunido com um grupo de deputados democratas para discutir a crescente
pressão para iniciar um processo de impeachment na Câmara. Ela saiu da reunião
e declarou que o presidente, sob investigação em vários comitês, estava
envolvido no “acobertamento” de malfeitos e, por isso, negara a entrega de documentos da Casa Branca e de seus
negócios.
Trump deixou a sala de reuniões depois de apenas 3
minutos, antes mesmo que Pelosi tivesse tempo de responder, e foi direto ao
Jardim de Rosas, onde já havia um pódio preparado com cartazes. Lá, disse: “Eu
não acoberto nada.” E culpou os democratas de tornarem impossível a negociação
com ele sobre infraestrutura porque está sob investigação.
Mas o presidente já estava sendo investigado quando
se reunira com os democratas, há três semanas. Algo deixou Trump nervoso,
possivelmente, nas últimas 24 horas. Um juiz federal em Washington deu vitória
aos democratas que intimaram a firma de contabilidade usada por Trump, Mazars
LLP, a entregar os documentos relativos ao cliente desde 2011.
A outra possibilidade, especula-se em
Washington, é que Trump teria ouvido de seu chefe de gabinete, Mike Mulvaney,
que seu governo não teria 2 trilhões de dólares para gastar em infraestrutura.
Preferiu, então, sair na frente, acusando os democratas de perseguição.
Na saída da reunião, Nancy Pelosi
disse não conseguir explicar a mudança de atitude do presidente. Sugeriu que
faltava a Trump confiança de que poderia enfrentar o desafio. De qualquer
forma, concluiu com a rara distinção de não ter recebido um apelido
derrogatório de Trump. “Eu rezo pelo presidente dos Estados Unidos.”
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