Governo anunciará novos contingenciamentos no
orçamento na quarta
Patrícia Santos
Dumont
O orçamento passará
por um novo desafio na próxima quarta-feira (22). Em meio à desaceleração
econômica, a Secretaria Especial de Fazenda do Ministério da Economia anunciará
mais um contingenciamento (bloqueio temporário de verbas) na nova edição do
Relatório Bimestral de Receitas e Despesas.
Publicado a cada
dois meses, o relatório traz as atualizações das estimativas oficiais para a
economia brasileira e o impacto dela nas previsões de receitas e despesas. Com
base nas receitas, o governo revisa as despesas para garantir o cumprimento da
meta de déficit primário (resultado negativo das contas do governo excluindo os
juros da dívida pública) de R$ 139 bilhões e do teto de gastos federais.
Na última semana, o
governo recebeu diversos sinais amarelos em relação à economia. O Boletim
Focus, pesquisa com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central (BC),
indicou que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas
produzidas no país) fechará o ano em 1,45%. A previsão deve baixar no próximo
boletim, a ser divulgado na segunda-feira (20).
Outro alerta foi
dado pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, que funciona
como uma prévia do PIB. Famoso por antecipar tendências da economia, o
indicador fechou o primeiro trimestre com queda de 0,68% em dados dessazonalizados
(que desconsideram as oscilações típicas de determinadas épocas do ano).
A desaceleração da
economia reduz a arrecadação de tributos, impactando a receita do governo. A
queda de receita deve ser parcialmente neutralizada pela alta no preço internacional
do petróleo, que está no maior nível em sete meses. Em audiência pública na
Comissão Mista de Orçamento na última terça-feira (14), o secretário especial
de Fazenda, Waldery Rodrigues, confirmou que o próximo relatório terá bloqueios
adicionais de verbas.
No fim de março, a
Secretaria Especial de Fazenda tinha anunciado o contingenciamento de quase R$
30 bilhões do Orçamento. De lá para cá, o volume total bloqueado não foi
alterado, mas o governo fez remanejamentos que retiraram recursos da educação e
desencadearam uma onda de protestos na última quarta-feira (15) pela manutenção
das verbas.
Pela lei, somente
despesas discricionárias (não obrigatórias) podem ser contingenciadas. O volume
de contingenciamento, no entanto, pode ser parcialmente reduzido se a equipe
econômica reestimar reduções de gastos obrigatórios, geralmente reservas para
cumprimento de decisões judiciais ou de gastos com o funcionalismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário