sábado, 25 de maio de 2019

BARRAGEM EM BARÃO DE COCAIS EM MINAS GERAIS PODE SE ROMPER NESSE SÁBADO


Movimentação de talude em Gongo Soco chega a 16 centímetros por dia

Juliana Baeta







Mina do Gongo Soco está no nível 3 de risco de rompimento

Prestes a colapsar, o talude norte da cava do complexo minerário de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central de Minas, teve um deslocamento de 16 centímetros entre essa quinta (23) e sexta-feira (24), de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM). Este pico de movimentação se dá no ponto mais crítico da estrutura, mas a média do deslocamento do talude é de 12,9 centímetros por dia.
O prazo estimado para o rompimento do talude é até este sábado (25), mas a expectativa é que ao cair na cava ele se integre ao ambiente e não impacte na barragem, que concentra 4,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos e está no nível 3 - o máximo - do risco de rompimento. No entanto, a possibilidade de um abalo sísmico causado pelo cedimento do talude reverberar na barragem e causar seu rompimento é de 15%.
Por causa dessa possibilidade, um novo estudo de projeção da lama, o "dam break", considera o pior cenário possível: o de rompimento da barragem e projeção de 100% da lama nas áreas de inundação. Segundo o porta-voz da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Flávio Godinho, essa projeção foi feita para que as pessoas fossem retiradas das áreas de risco e treinadas para encontrarem os locais seguros em caso de rompimento.
Na projeção, a lama iria gastar uma hora e 12 minutos para atingir a primeira residência de Barão de Cocais, duas horas e 36 minutos para chegar até a primeira residência da área rural de Santa Bárbara e, na cidade, três horas; e mais oito horas para atingir São Gonçalo do Rio Abaixo, outro município que está no trajeto dos rejeitos. Após são Gonçalo do Rio Abaixo, a lama percorreria ainda mais 40 quilômetros.
Por meio de nota, a Vale informou que "adotou todas as medidas preventivas em Barão de Cocais, desde o dia 8 de fevereiro, com o objetivo de assegurar a segurança dos moradores da região", ocasião em que a população residente nas áreas mais críticas no caminho da lama foi evacuada.
A empresa também reforçou que "tanto o talude da mina de Gongo Soco como a Barragem Sul Superior estão sendo monitorados 24 horas por dia e as previsões sobre deslocamento de parte do talude, revistas diariamente".
OUTRA BARRAGEM EM MINAS GERAIS PODE SE ROMPER E VAI AFETAR A CAPITAL BELO HORIZONTE
Risco de rompimento de barragens coloca BH e mais duas cidades em perigo

Raul Mariano*



No caso de rompimento da barragem Forquilha I, em Ouro Preto, a lama de rejeitos pode chegar a Belo Horizonte em pelo menos 11 horas

Mais três cidades estão na rota da lama em Minas. No cenário de rompimento da barragem Sul Superior, em Barão de Cocais, na região Central, o risco é para os municípios de Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. Já em relação ao reservatório Forquilha I, em Ouro Preto, é Belo Horizonte quem pode ser atingida.
No caso da capital, nem os mais de cem quilômetros que separam a estrutura localizada no município histórico dos bairros Maria Tereza e Beija-Flor, na zona Norte da metrópole, serão suficientes para evitar os impactos. A onda de rejeitos pode atingir o córrego do Onça e, com a elevação do nível da água, alagar 248 casas, estima a Defesa Civil municipal.
Diante de uma ruptura, o prazo para a chegada da lama em BH, segundo a Vale, é de pelo menos 11 horas. Ainda assim, moradores da área não estão totalmente tranquilos.
Comerciante da rua dos Moreiras, no bairro Beija-Flor, onde residem cerca de cem famílias, Rodrigo Nepomuceno afirma que a comunidade participará em peso do simulado programado para este sábado (25). São aproximadamente 800 pessoas.
“Todo mundo tem consciência de que a chance de sermos atingidos é pequena, mas não ignoramos o perigo. Depois do que aconteceu em Mariana e Brumadinho, ninguém está sossegado”, diz.
Nesta quinta-feira (23), agentes da PBH visitaram 123 imóveis no Maria Tereza. Nesta sexta (24), devem ir a mais 125 casas para convidar os moradores a participarem do treinamento.
Orientações
O simulado de evacuação está previsto para começar às 16h. Além de explicar sobre as rotas de fuga, a Defesa Civil da capital e a Vale farão a instalação de sirenes para alertar a população.
O ponto de encontro para os moradores do bairro Maria Tereza será a Igreja Pentecostal Kairós. Já quem vive no Beija Flor deve se dirigir para o templo religioso Deus é Refúgio.
A Defesa Civil de BH tenta tranquilizar os cidadãos e afirma que o exercício é preventivo. “A comunidade já está mapeada e foi orientada. O treinamento obedece aos protocolos de segurança. Quem não foi avisado, não precisa se preocupar”, informou o órgão, por meio da assessoria de Comunicação.
Além disso, a pasta reforça que já vem fazendo abordagens às pessoas nas próprias residências e em reuniões comunitárias.
Nível elevado
O nível da barragem Forquilha foi elevado para 3 em 28 de março. A mudança representa o alerta máximo e risco iminente de ruptura. O reservatório tem 98 metros de altura e 12 milhões de metros cúbicos de minério de ferro acumulados.
Procurada pela reportagem, até o fechamento desta edição a Vale não tinha se pronunciado sobre o treinamento para moradores de Belo Horizonte.
(*Colaborou Renata Evangelista)

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