Minas tem mais
22 mil casos de dengue em apenas uma semana
Simon Nascimento e
Bruno Inácio
Moradora do bairro Santa Terezinha, a funcionária pública Nilza Regina
Campos foi uma das vítimas do Aedes neste ano e precisou ser internada
A epidemia de dengue
em Minas cresceu, em um intervalo de apenas sete dias, 22%. Até essa segunda
(15), 121.699 casos prováveis da enfermidade foram registrados em todo o
Estado. Na última segunda, eram pouco mais de 99 mil. Os números foram
divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que confirmou também 12
mortes de janeiro a abril deste ano. Os casos prováveis são a soma dos
resultados positivos ao vírus e dos pacientes que aguardam a confirmação de
exames.
Segundo o boletim da
SES, os números de 2019 são menores do que os dos outros anos em que foram
anotadas epidemias, como 2010, 2013 e 2016. Contudo, em 99 cidades mineiras, a
incidência da dengue está muito alta, o que significa que a cada 100 mil
pessoas que moram nessas localidades, 500 estão doentes.
A explosão de casos
da doença, que neste ano é causada pelo sorotipo dengue 2, já forçou o governo
de Minas a elaborar um decreto de emergência, sem data para ser publicado. O
documento prevê, conforme a SES, que os municípios mais afetados possam
adquirir “insumos, medicamentos e contratar profissionais com mais facilidade e
celeridade”.
Enquanto o decreto não
sai, prefeituras têm adotado medidas de urgência para atender pacientes. Em
Belo Horizonte, três centros de saúde foram abertos à população no último
sábado e realizaram 257 atendimentos. A capital contabiliza 3.217 confirmações
de dengue e mais de 10 mil pacientes aguardam resultados laboratoriais.
Com a procura alta
por atendimento, a PBH estuda ampliar a medida nos próximos fins de semana.
Além disso, a administração municipal garante que os 152 centros de saúde estão
aptos a atender pessoas com suspeita de dengue. A orientação é que a população
procure as unidades em caso de suspeita para desafogar a demanda nas Unidades
de Pronto Atendimento (UPAs).
“A UPA é uma porta
aberta, mas que tem foco principal nos casos de emergência e há um critério de
gravidade para atendimento. Às vezes, o paciente com dengue acaba esperando um
longo tempo na UPA, sendo que poderia ser atendido antes no centro de saúde”, diz
Fabiano Gonçalves, gerente de Atenção Primária à Saúde da capital.
Betim e Contagem,
cidades que registraram mais de mil casos de dengue este ano, também ampliaram
o atendimento médico. Professora do Instituto de Ciências Biológicas e Saúde da
PUC Minas, Alzira Batista acredita que a medida é válida. “Mas o foco principal
precisa ser no controle do vetor pelo poder público e pela população,
eliminando os criadouros da doença nas casas e em lotes vagos”, opina.
Dificuldade
Epidemiologista e
professor no curso de medicina da Faculdade da Saúde e Ecologia Humana (Faseh),
José Geraldo Ribeiro acredita que a circulação de sorotipos de vírus da dengue
diferentes é empecilho ao combate. “Nós temos a circulação de vários
tipos de vírus. Em 2015 e 2016, o dengue 1 circulou muito. Quem contraiu
naquela época, tem uma chance maior de ter um quadro mais grave agora”,
adverte.
Moradora do bairro
Santa Terezinha, região da Pampulha, a funcionária pública Nilza Regina Campos,
de 38 anos, foi uma das vítimas do Aedes neste ano. Foi a quarta vez que ela
contraiu a doença. “Desta vez foi a pior. Eu não senti tanta dor no corpo como
na primeira, mas meus exames ficaram bem ruins. As plaquetas baixaram muito,
tive princípio de hemorragia subcutânea e alterações nas enzimas do fígado”,
conta Nilza, que ficou internada por quatro dias na Santa Casa.

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