sexta-feira, 15 de março de 2019

UM DIA CÃO EM UMA ESCOLA ESTADUAL DE SÃO PAULO ESTA SEMANA


Volúpia de matar

Manoel Hygino












João Dória, governador de São Paulo, após a terrível chacina na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, comentou simplesmente: “é a mais triste cena a que já assisti em toda minha vida. Estou chocado com o que ocorreu”. Dez mortos resultaram do episódio, que comoveu e simultaneamente indignou o país inteiro, já chocado com graves acontecimentos este ano.
Bastaria lembrar o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia 25 de janeiro, que deixou 203 mortos (até ontem), além de 105 desaparecidos, enquanto os bombeiros, de Minas e outros estados, vasculham penosamente a região atingida.
Em São Paulo, a tragédia somou uma dezena de pessoas vitimadas, entre as quais os próprios executores do crime, um dos quais menor de idade. Entre as vítimas, como sói acontecer muito comumente, a mineira de Ubá, professora Marilena Ferreira Umezu, que costumava saudar seus alunos na sala de aula com a frase:  “Bom dia, grande família”.
Na manhã trágica de 13 de março - uma data possivelmente aziaga, os dois jovens, o mais velho com 25 anos, ingressaram no educandário para cometer o tenebroso crime e, em seguida, se suicidar, como deveriam ter visto em filme por televisão ou outro meio eletrônico.
A chegada da força policial foi rápida, cerca de oito minutos, mas nada mais pode fazer. A imprensa delatou: os autores entraram na escola na hora do intervalo. Um deles usava máscara de caveira e luvas. Primeiro, atiraram em uma coordenadora pedagógica e em uma supervisora. Depois se dirigiram ao pátio, onde atingiram alunos de ensino médio. Após, seguiram para um centro de línguas.
O atentado causou caos e pânico. Imagens gravadas dentro do estabelecimento logo depois do atentado mostram os estudantes correndo, deparando os corpos no chão e gritando em desespero. Eles pularam o muro da escola e procuraram abrigo no comércio da região.
Um dos sobreviventes e a que tudo assistira declarou: “Eles não queriam algo de valor ou vingança. Queriam matar todo mundo”. Um comparsa desfechou um tiro no companheiro de aventura e, finalmente, deu fim à própria vida. Pareciam dominados pela volúpia de eliminar seres humanos e também levavam consigo, em mochilas, como se apurou, revólver, coquetéis-molotov, machado e uma besta, isto é, um lança-setas.
O que se podia fazer em termos de violência e insanidade se fez. Resta, enfim, saber apenas se alguma lição útil se extrairá da maldade, que se classificaria de desumana. Mais do que nunca os desvarios e, no outro caso, a cobiça excessiva da indústria minerária exigem meditação, providências e estudos acurados e isentos. O homem e seus conglomerados não podem ficar à mercê de personagens despreparados para viver em sociedade e no comando de grandes empreendimentos.
A vida humana há de ser levada em conta, para evitar que novas tragédias desabem sobre todos e sobre tudo. A Terra é uma só e depende de cada um e de todos que nela vivem, que têm o dever sagrado de preservá-la às novas gerações.

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