Caiu na rede:
políticos fazem das mídias sociais uma ferramenta de diálogo com o público
Lucas Simões
Divulgar ações do
mandato, anunciar investimentos e outras decisões, opinar sobre o que está
acontecendo no país e rebater eventuais críticas de opositores. Do governador
Romeu Zema (Novo) – adepto do Instagram para tornar públicos, em primeira mão,
vários atos do governo – a deputados como André Janones (Avante), popular na
internet, cada vez mais políticos transformam as redes sociais em
ferramenta de diálogo com o cidadão.
O fenômeno já pode
ser considerado um caminho sem volta. Mas para o cientista político Malco
Camargos, não significa que as novas mídias vão substituir os canais
tradicionais de comunicação.
“Quem apostar
somente nessa eventual troca pode ter problemas no futuro. O que a história nos
mostra é que, quando surge um novo meio de comunicação, ele não elimina os
anteriores. No caso dos políticos, o que eles precisam é se apropriar dos novos
meios, em complemento aos antigos”, diz.
Ocupando pela
primeira vez um cargo público, Romeu Zema venceu as eleições com uma campanha
baseada nas redes sociais. Nestes dois meses e meio como governador, manteve a
presença nas plataformas virtuais. No Instagram, faz postagens praticamente
diárias, priorizando vídeos com recados à população e comunicados importantes.
O secretariado de governo foi inteiramente anunciado por meio da rede social,
em vídeos ao lado dos selecionados.
Com um forte
discurso de corte de gastos, Zema também usou o Instagram para criticar o
ex-governador Fernando Pimentel (PT), num episódio em que mostrou dezenas de
quadros com fotos oficiais do petista, o que chamou de “desperdício de dinheiro
público”.
Em outra situação,
foi questionado pel</CW><CW0>o deputado federal André Janones
(Avante-MG), o terceiro mais votado do Estado, com 172 mil votos, sobre o
secretário de Estado de Meio Ambiente, Germano Vieira, acerca do rompimento da
barragem da Vale em Brumadinho. O governador bloqueou o deputado do Avante no
Instagram.
Boa parte da
projeção de André Janones aconteceu mesmo pela web. Ele saltou dos cerca de 70
mil seguidores que tinha ano passado no Facebook para 1,5 milhão, após gravar
uma série de vídeos às margens da BR-262, em Ituiutaba, abordando a greve dos
caminhoneiros, em maio de 2018.
O parlamentar recebe
uma média de mil mensagens por dia no Facebook e no Instagram e afirma fazer
questão de tentar responder pessoalmente os eleitores.
“Tenho uma taxa de resposta de 10%, é o que consigo atender. Mas prefiro isso do que contratar uma equipe para fazer respostas padrão”, afirma.
“Tenho uma taxa de resposta de 10%, é o que consigo atender. Mas prefiro isso do que contratar uma equipe para fazer respostas padrão”, afirma.
Para Malco Camargos,
a aproximação com os políticos permitida pelas mídias sociais também tem que
ser considerada.
“As redes sociais
possibilitaram não só a divulgação das atividades relacionadas ao mandato, mas
também abriram espaço para a descontração e para a exposição da vida íntima dos
políticos”, afirma o especialista.
Até parlamentares
avessos às mídias sociais começaram a ver o mundo digital com outros olhos. O
deputado estadual Alencar da Silveira Júnior (PDT) vai lançar, em abril, um
aplicativo do mandato, semelhante ao app idealizado pelo vereador de Belo
Horizonte Gabriel Azevedo (PHS).
“É um app no qual o
eleitor pode ver como votei nas matérias, pode sugerir pautas e até simular uma
votação. Antes, eu era um pouco resistente. Mas, depois das últimas eleições,
percebi como as redes sociais potencializaram o contato do político com o
povo”, diz Alencar.
Procurado para
comentar o assunto, o governo de Minas não se manifestou.

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