Entenda o que
é a meningite, doença que matou o neto do Lula, e saiba como proteger os filhos
José Vítor Camilo
A principal forma de prevenção é a vacina
Após a morte por
meningite do neto do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, o pequeno Arthur
Araújo Lula da Silva, de 7 anos, pais e mães de todo o Brasil ficaram
assustados e muitos estão desesperados atrás de informações sobre a doença.
Pensando nisso, o Hoje em Dia conversou com um médico infectologista e
reuniu aqui tudo que você precisa saber sobre a doença.
O neto do
ex-presidente deu entrada às 7h20 desta sexta-feira (1º) no Hospital Bartira,
em Santo André, com um quadro instável. Por volta de 12h11, o pequeno Arthur
acabou falecendo devido ao "agravamento do quadro infeccioso". Ele
era filho de Sandro Luis Lula da Silva, um dos três filhos de Lula com a
ex-primeira-dama Marisa Letícia.
De acordo com o
Ministério da Saúde, a meningite consiste basicamente no processo inflamatório
das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.
A efermidade pode ser causada por vários agentes diferentes e, também, por
processos não infecciosos, como medicamentos e tumores. Entre os agentes
infecciosos, são considerados mais importantes as meningites bacterianas e
virais, por terem um capacidade maior de causar surtos e, no caso da
bacteriana, também por sua gravidade.
O médico
infectologista Rodney Martins Neto explica que a doença é considerada endêmica,
quando casos são esperados ao longo de todo o ano, com ocorrência de surtos e
epidemias vez ou outra. "No caso do neto do ex-presidente foi uma
meningite meningocócica, que é bacteriana. Essa doença tem a característica de
transmitir de uma pessoa para outra e, por isso, também é considerada a mais
comum", explica o especialista.
A meningite possui
uma taxa de letalidade considerada alta, principalmente quando há demora no
diagnóstico, já que se trata de uma efermidade que evolui de forma muito
rápida. "Tem gente que agrava o quadro de um dia para o outro, outros
ficam cerca de três dias com os sintomas antes de piorarem. Mas, geralmente
evolui muito rápido, principalmente na meningocócica. Em contraponto, a
meningite bacteriana é mais fácil de ser curada, apesar de muitas vezes ficarem
sequelas motoras. Já no caso da viral, a evolução é mais lenta, a taxa de
mortalidade e o índice de sequelas são menores", completa o médico.
Como existem vários
tipos diferentes da doença, não há uma forma específica de prevenção, mas,
felizmente, existem as vacinas para todos os casos. "São vários os tipos
e, por isso, são várias as vacinas que são disponiblizadas tanto na rede
pública como privada. Não é uma vacina que todo mundo tem que tomar, normalmete
são crianças e populações especiais, portadores de doença que baixam a
imunidade. A não ser em casos de surto em alguma região, pois aí vacina-se a
população toda, inclusive adultos", lembra Neto.
Apesar das vacinas
não terem garantia de prevenção de 100% da doença, o risco de infecção é muito
pequeno, sendo considerado desprezível pelos médicos. "O problema é que
existem vários tipos diferentes desta bactéria: Meningococos A, B, C, D. A gente
não pode afirmar que o neto do Lula não tomou a vacina, mas o que pode ter
ocorrido é dele ter se imunizado contra uns dos tipos da bactéria e ter sido
infectado por um do qual não estava protegido", garante o médico.
O médico explica
ainda que a contaminação é feita através do contato de secreção
respiratória da pessoa doente. "Se falar muito perto, tossir no
rosto, ou se dormir no mesmo quarto. Não é o contato eventual, tem que ser
contato de tempo prolongado. No caso de pais destas crianças e colegas de
escola, por exemplo, existe uma forma de prevenção que é o uso de antibióticos
de forma preventiva", conclui.
Tudo sobre a
meningite
Como se pega - Na meningite
bacteriana, geralmente, a transmissão é de pessoa a pessoa, por meio das vias
respiratórias, por gotículas e secreções das vias aéreas superiores (do nariz e
da garganta). Já na meningite viral a transmissão fecal-oral é de grande
importância, especialmente nas infecções por enterovírus.
A meningite fúngica
não é transmitida de pessoa para pessoa. Geralmente os fungos são adquiridos
por meio da inalação dos esporos (pequenos pedaços de fungos) que entram nos
pulmões e podem chegar até as meninges (membranas que envolvem o cérebro e a
medula espinhal). Alguns fungos encontram-se em solos ou ambientes contaminados
com excrementos de pássaros ou morcegos. Já um outro fungo, chamado Candida,
que também pode causar meningite, geralmente é adquirido em ambiente
hospitalar.
Há ainda os
parasitas que causam meningite. Eles não são transmitidos de uma pessoa para
outra, e normalmente infectam animais e não pessoas. As pessoas são infectadas
pela ingestão de produtos ou alimentos contaminados que tenha a forma ou a fase
infecciosa do parasita
Como previnir - A meningite é uma
síndrome que pode ser causada por diferentes agentes infecciosos. Para alguns
destes, existem medidas de prevenção primária, tais como vacinas e
quimioprofilaxia. As vacinas estão disponíveis para prevenção das principais
causas de meningite bacteriana. As vacinas disponíveis no calendário de
vacinação da criança do Programa Nacional de Imunização são:
- Vacina
meningocócica conjugada sorogrupo C: protege contra a Doença Meningocócica
causada pelo sorogrupo C;
- Vacina
pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas
causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite.
- Pentavalente:
protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae
sorotipo b, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e
hepatite B.
- BCG: protege
contra as formas graves da tuberculose.
- Outras formas de
prevenção incluem: evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados e
limpos
Sintomas - A meningite é uma
síndrome na qual, em geral, o quadro clínico é grave, por isso no momento em
que achar que você ou alguém pode estar com sintomas de meningite deve procurar
atendimento médico o mais rápido possível. Um médico pode determinar se você
tem a doença, o tipo de meningite e o melhor tratamento. Confira abaixo os
principais sintomas de cada um dos tipos da doença:
- Bacteria: Os
sintomas da meningite incluem início súbito de febre, dor de cabeça e rigidez
do pescoço. Muitas vezes há outros sintomas, como mal estar; náusea; vômito;
fotofobia (aumento da sensibilidade à luz); e confusão. Com o passar do tempo,
alguns sintomas mais graves de meningite bacteriana podem aparecer, como:
convulsões, delírio, tremores e coma.
Em recém-nascidos e
bebês, alguns dos sintomas descritos acima podem estar ausentes ou difíceis de
serem percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou
parecer letargico ou irresponsivo a estimulos. Também podem apresentar a
fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais. Na septicemia
meningocócica (também conhecida como meningococemia) que é uma uma infecção na
corrente sanguínea causada pela bactéria Neisseria meningitidis, além dos
sintomas descritos acima, podem aparecer outros como fadiga; mãos e pés frios;
calafrios; dores severas ou dores nos músculos, articulações, peito ou abdomen
(barriga); respiração rápida; diarréia e manchas vermelhas pelo corpo.
- Vírus: Os
sintomas iniciais da meningite viral são semelhantes aos da meningite bacteriana.
No entanto, a meningite bacteriana é geralmente mais grave. Entre os sintomas
estão: febre; dor de cabeça; rigidez no pescoço; náusea; vômito; falta de
apetite; irritabilidade; sonolência ou dificuldade para acordar do sono;
letargia (falta de energia); fotofobia (aumento da sensibilidade à luz).
Em recém-nascidos e
bebês, alguns dos sintomas descritos acima podem estar ausentes ou difíceis de
serem percebidos. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou
parecer letárgico (falta de energia) ou irresponsivo a estimulos. Também podem
apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais.
- Parasitas:
Tal como acontece com a meningite causada por outras infecções, as pessoas que
desenvolvem este tipo de meningite podem apresentar dores de cabeça, rigidez no
pescoço, náuseas, vomitos, fotofobia (sensibilidade à luz) e/ou estado mental
alterado (confusão).
- Fungos: Os sinais
e sintomas de meningite fúngica são parecidos com os causados por outros tipos
de agentes etiológicos, como segue: febre, dor de cabeça, rigidez no pescoço,
nausea, vomitos, fotofobia (sensibilidade à luz), e status mental alterado
(confusão).
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