Os voos de Da Vinci
Manoel Hygino
O problema sexual
está na ordem do dia e pode ser conferido pelas notícias e reportagens de
jornais, revistas e televisão. É tema frequente de debates nas casas do
Congresso Nacional ou em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Logo, existe
de fato.
No triênio final do
ano passado, pude ler que uma nova produção focalizando a homossexualidade será
apresentada pelo canal RAI, na série “Leonardo”. O canal italiano banca a iniciativa,
que não tem ainda data para distribuição no mundo.
Para Eleonora
Andreatta, chefe de programação da emissora, o genial artista era mesmo “um
filho excluído. Gay, vegetariano e canhoto. Tudo isso significava que sofria
discriminação”. A jornalista vai além: “A série olha para a vida de Leonardo
através da visão de Caterina, uma jovem que trabalhou como modelo em seu
estúdio. A relação próxima que os dois cultivaram vai permitir que entremos na
alma e conheçamos os segredos desse personagem”.
Cada episódio da
primeira temporada da série focará o nascimento de uma das obras-primas de Da
Vinci, mas a série “dará tanta importância para os aspectos pessoais de sua
vida quanto para os artísticos”. A série “Leonardo” deve estrear em 2019,
quando a morte de Da Vinci completa 500 anos. O italiano Leonardo di Ser Piero
Da Vinci nasceu em 1452 e morreu em 1519. Entre suas principais obras estão “A
Última Ceia” e “Mona Lisa”.
Neste ano em que o
gênio completa meio milênio de morte, o mundo em que viveu e que ainda o
explora aproveita para faturar seu inesgotável talento, o que não constitui
surpresa porque fez mais do que pintar a Mona Lisa, que em qualquer país
civilizado é admirado, ou no Louvre, onde se acha bem protegido e disponível
aos apreciadores de arte.
Na França, sobretudo
no Vale do Loire, o Vale dos Reis, uma ampla programação dá ênfase à sua vida
porque por lá se encontram belíssimas peças de sua criação.
O artista pode
ter-se influenciado pela mãe, pois sendo Leonardo ainda muito jovem, ela se
casou com outro homem, mas sem abandoná-lo. Aliás, quando redijo este texto,
vejo o sobrevoo de um helicóptero e me acode à memória que Leonardo Da Vinci,
de fertilíssima criatividade, deixou em caderno de esboços um famoso desenho
que se supõe ser de um desses eficientes e versáteis aparelhos. Aos quais, por
sinal, se deve o resgate de vítimas e seus restos mortais removidos do desastre
da mina de rejeitos da Vale, em Brumadinho.
No fim do século
XVI, o artista, inventor e cientista viveu na pujante Florença e, embora,
cercado por lisonjas e bajulação, parecia mais interessado em estudos
matemáticos. Para Stephen Farthing, ele foi imbatível por suas ideias e
projetos, inclusive como engenheiro, agrimensor e cartógrafo da família Borgia.
Estudou os padrões de voos dos pássaros, projetou máquinas hidráulicas,
analisou a ciência da pintura e dissecou corpos humanos para adquirir
conhecimento profundo de anatomia.
Viveu um período
feliz em Milão, como consultor-arquiteto do governador francês da cidade e
servindo ao rei Luís XII. Reviravoltas políticas o fizeram transferir-se para
Roma, onde lhe faltaram trabalhos. Regressou à França, em 1516, onde se dedicou
a novos projetos e teses científicas. Em Amboise, foi sepultado perto do
castelo Clos Lucé, em que passara os três últimos anos de vida, convidado do
rei Francisco I, da França, que lá só permaneceu 72 dias de seus 32 anos de
reinado.
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