O fortalecimento da razão sobre a emoção
Simone Demolinari
Esta semana recebi
uma charge onde o gênio da lâmpada aparecia para um grupo de dez pessoas e
oferecia a cada um deles a possibilidade de um único pedido. Eufóricos,
começaram as solicitações: “quero ter dinheiro sem precisar trabalhar”, “quero
um carro importado”, “quero viajar o mundo inteiro”, “encontrar o par
perfeito”, dentre outros pedidos de semelhante teor. Até que a última pessoa
disse: “quero ter domínio sobre as minhas emoções”. E, a partir daí, só se
ouviu: “vou mudar meu pedido”, “eu também”, “eu também”, “eu também”.
Essa história não
difere da realidade. Muitos almejam esse domínio. Querem ser menos
influenciados pelas emoções. Não as boas, mas aquelas que causam reações
negativas e sofrimento. Alcançar isso não é tarefa fácil. Muitas vezes,
sucumbimos ao sentimento, sobretudo aqueles que ferem a nossa vaidade. Viver
guiado pela emoção não é um bom negócio, primeiro pela ausência de autonomia e
segundo pela “corda bamba” que se estabelece.
Aos que desejam
aprimorar esse aspecto precisam ter em mente algumas condutas:
– Desenvolver o
autoconhecimento: Se conhecer inclui ter consciência dos próprios limites,
fragilidades e respeitá-los. É preciso também, deflagrar o autoengano, a
autossabotagem e criar mecanismos para não cair nas próprias armadilhas. Se
autoconhecer não é fácil, há tantos condicionamentos enraizados que fica
difícil discernir o que é mentira e o que é verdade dentro de nós. É preciso
uma investigação com profunda honestidade emocional.
– Abandonar a
necessidade de controle: A mania de controlar a tudo e a todos deriva de um
estado emocional intenso. Pessoas com essa característica, podem até ser bem
intencionadas, mas são muito instáveis emocionalmente. Ficam indignadas quando
se frustram ou quando as coisas saem do seu controle. Querem ter domínio sobre
o tempo, o trânsito, o outro. Sempre que conseguem, chamam a responsabilidade
para si pois são tomadas pela crença de que estão sempre certas. Agir dessa
maneira só reforça o lado emocional.
– Fortalecer a
inteligência intrapessoal: Na teoria das inteligências, a intrapessoal é
considerada a mais difícil delas. Expressa a capacidade de ter domínio sobre
nossos estímulos internos e com isso ter: autocontrole, ponderação e capacidade
de tornar as ações conscientes. Pessoas com essa inteligência desenvolvida são
serenas, estáveis emocionalmente e têm maior comando sobre a própria vida.
– Dominar a vaidade:
o ego é a parte que alimenta pensamentos e emoções de interesse próprio,
levando-nos a agir a favor daquilo que nos agrada e contra o que nos desagrada.
Nosso ego nos conduz a reações automáticas, padrões de repetição, impulsividade
e transforma nossa opinião individual em verdades absolutas ora nos protegendo,
ora distorcendo a realidade e nos conduzindo a graves equívocos. Dominar essa
parte poderosa da nossa estrutura de personalidade é essencial. O trabalho é
árduo e precisa de uma boa dose humildade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário