ANP: Petrobras
pede prazo maior para definir quais campos vai explorar
Agência Brasil
A avaliação de Décio Oddone, diretor da ANP, é de que a devolução dos
blocos que não interessem à agência devem ser vendidos pela estatal “o mais
rapidamente possível” ou devolvido à própria ANP
A Petrobras
solicitou à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
um prazo mais longo para decidir quais dos 254 campos terrestres e em águas
rasas sob sua concessão ela teria interesse em continuar investindo e quais ela
iria transferi à iniciativa privada a partir do plano de desinvestimento em
curso na companhia. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (11) pelo
diretor-geral da ANP, Décio Oddone.
A ANP determinou à
Petrobras no ano passado que a estatal comunicasse à agência em quais campos
ela ainda teria interesse em investir. A Petrobras, no entanto, solicitou à
agência um prazo maior para decidir sobre o assunto. Oddone disse que a ANP
deverá concedê-lo, sem, no entanto, adiantar uma nova data. “Até então os
desinvestimentos estavam sendo conduzidos atendendo aos interesses e o tempo da
Petrobras, mas nós decidimos interferir e regular isso”, disse Oddone.
A avaliação do
diretor da ANP é de que a devolução dos blocos que não interessem à agência
devem ser vendidos pela estatal “o mais rapidamente possível” ou devolvido à
própria ANP para que a mesma possa inclui-los na oferta permanente de áreas, o
que consolidaria e daria maior impulso à indústria de petróleo do país.
A avaliação do
diretor-geral da ANP é de que a colocação desses campos no mercado daria maior
dinamismo e incrementaria o setor no que diz respeito à exploração dos campos
terrestres ou em águas rasas no país, trazendo novas empresas e investimentos
para a indústria do petróleo.
Consolidação da
indústria
Oddone disse que os
campos que não são tão atrativos financeiramente para a empresa tem uma
produção de cerca de 1.700 a 1.900 barris de petróleo por dia por poço, contra
os cerca de 17 mil barris de média/dia produzidos nos 17 campos em atividade na
área do pré-sal.
A avaliação do
diretor-geral da ANP é que o próximo ano será de fundamental importância para a
consolidação da indústria petrolífera do país e estes campos poderão contribuir
para a diversificação de empresas no setor.
“Daqui a quatro,
cinco anos vamos ter uma indústria muito mais competitiva e não tenho dúvidas
de que o próximo ano será um ano crítico neste processo”, disse.
Oddone também
defendeu uma maior descentralização na área de refino, sugerindo que a
Petrobras deveria vender algumas refinarias e não mais deter percentuais nos
ativos transferidos à iniciativa privada. A avaliação do diretor é de que isso
traria “maior concorrência para o mercado”.
Governo Bolsonaro
Ao ser questionado
pelos jornalistas sobre o novo governo e a influência do mesmo sobre a
Petrobras, Oddone disse não acreditar que haja interferência ou ameaça à
autonomia da Petrobras.
O diretor-geral da
ANP acredita que, no governo do presidente Jair Bolsonaro, a estatal continuará
a atuar com a independência que tem hoje, independência que poderá até ser
aprofundada.
“Os sinais são de
que muda muito pouco. Essa independência poderá até ser aprofundada e a
Petrobras continuará a ter autonomia. O que ouvimos no discurso do presidente
da Petrobras, Roberto Castello Branco, foi de que não haverá subsídios”, disse
em alusão à política de controle de preços praticado durante a gestão da
presidente Dilma Rousseff.
O entendimento de
Oddone é de que no governo Bolsonaro a abertura do setor de petróleo e gás no
país deverá ser consolidada. “Pela primeira vez há uma consolidação e monopólio
está dando lugar à indústria de petróleo. No país, até então, nos acostumamos a
considerar a Petrobras com a própria indústria de petróleo e gás. Com a
orientação liberal do novo governo isto tende a acabar e a abertura a se
consolidar”.
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