Patrimônio dos
26 mais ricos do mundo é igual ao da metade mais pobre
Agência Brasil
A metade mais pobre do planeta teve seu patrimônio diminuído em 11%
As 26 pessoas mais
ricas do mundo detêm a mesma riqueza dos 3,8 bilhões mais pobres, que
correspondem a 50% da humanidade. Os dados, referentes a 2018, fazem parte do
relatório global da organização não governamental Oxfam, lançado hoje (21), às
vésperas do Fórum Econômico Mundial, que se inicia amanhã (22) em Davos, na
Suíça. Os números indicam que a riqueza está ainda mais concentrada, pois, em
2017, os mais ricos somavam 43.
A fortuna dos
bilionários aumentou 12% em 2018, o equivalente a US$ 900 bilhões, ou US$ 2,5
bilhões por dia. A metade mais pobre do planeta, por outro lado, teve seu
patrimônio diminuído em 11% no mesmo período. Além disso, desde a crise
econômica iniciada em 2007, o número de bilionários dobrou no mundo, passando
de 1.125 em 2008 para 2.208 no ano passado. O relatório indica ainda que os
homens têm 50% mais do total de riqueza do mundo do que as mulheres.
Intitulado Bem
Público ou Riqueza Privada?, o documento chama atenção para a necessidade de
investimentos em serviços públicos, com destaque para educação e saúde, como
forma de diminuir as desigualdades no mundo. “Como metade do planeta vive com
menos de US$ 5,50 por dia, qualquer tipo de despesa médica empurra essas
pessoas para a pobreza. Garantia de serviço público de saúde é a garantia
estável e sustentada para quem está na base da pirâmide”, exemplificou Rafael
Georges, coordenador de campanha da Oxfam Brasil.
Taxação
Como forma de redistribuição de riquezas, o relatório propõe uma taxação de 0,5% sobre a renda de bilionários que fazem parte do 1% mais rico do mundo. Segundo a organização, os recursos arrecadados seriam suficientes para incluir 262 milhões de crianças que estão fora da escola atualmente e também providenciar serviços de saúde que poderiam salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas.
Como forma de redistribuição de riquezas, o relatório propõe uma taxação de 0,5% sobre a renda de bilionários que fazem parte do 1% mais rico do mundo. Segundo a organização, os recursos arrecadados seriam suficientes para incluir 262 milhões de crianças que estão fora da escola atualmente e também providenciar serviços de saúde que poderiam salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas.
“A retomada [do
crescimento econômico], ao longo dos últimos dez anos, favoreceu o topo da
pirâmide, não foi redistributiva, foi concentradora. O sistema tributário tem
um papel central nessa concentração, na medida em que reduz as alíquotas
máximas para quem é muito rico. Esse movimento ocorreu em todo o mundo”,
avaliou o coordenador.
A Oxfam avalia que
os governos contribuem para o aumento das desigualdades ao não taxarem os muito
ricos e as grandes corporações e ao não investirem de forma apropriada em saúde
e educação. Segundo a organização, no Brasil, os 10% mais pobres da sociedade
pagam mais impostos proporcionalmente do que os 10% mais ricos, o mesmo ocorre
no Reino Unido.
“Diferentemente dos
países desenvolvidos, o Brasil é um país que apoia muito a sua carga tributária
nos impostos indiretos, e isso acaba pesando mais no bolso da classe média e
dos mais pobres. Todo mundo que compra o mesmo produto, paga a mesma carga. O
ideal seria equilibrar isso, jogar mais a tributação para renda e patrimônio e
diminuir a carga do consumo”, propôs Georges.
A organização
destaca que, entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), o Brasil é o que menos tributa renda e patrimônio. Enquanto
no Brasil a cada R$ 1 que é arrecadado, R$ 0,22 vêm de impostos sobre a renda e
do patrimônio, na média dos países essa parcela equivale a R$ 0,40 para cada R$
1 pago em tributos. Nos Estados Unidos, por exemplo, 59,4% da arrecadação vêm
de impostos sobre a renda e o patrimônio da população.
Aumento da
concentração
Georges avalia que dois fatores explicam, em parte, a concentração de riqueza no mundo: a guerra fiscal internacional e a existência de paraísos fiscais. “Existe uma dificuldade dos sistemas políticos, seja nacional ou internacional, de implantar medidas sérias de redistribuição. Em particular na questão tributária existe uma corrida para trás”, apontou. Para o coordenador da Oxfam Brasil, a guerra fiscal internacional – similar ao que ocorre entre os estados brasileiros em relação ao ICMS – “joga contra” a possibilidade de redistribuição de riquezas.
Georges avalia que dois fatores explicam, em parte, a concentração de riqueza no mundo: a guerra fiscal internacional e a existência de paraísos fiscais. “Existe uma dificuldade dos sistemas políticos, seja nacional ou internacional, de implantar medidas sérias de redistribuição. Em particular na questão tributária existe uma corrida para trás”, apontou. Para o coordenador da Oxfam Brasil, a guerra fiscal internacional – similar ao que ocorre entre os estados brasileiros em relação ao ICMS – “joga contra” a possibilidade de redistribuição de riquezas.
Outra parte, segundo
ele, é explicada pela existência de paraísos fiscais. “Enquanto tiver países
onde não se cobra nenhum tipo de tributo e se oferecem garantias de sigilo e de
ocultamento de propriedade e de patrimônio, vai ter incentivo para que ninguém
queira redistribuição de seu patrimônio e sua renda. A economia sempre vai ter
uma válvula de escape que vai preservar uma espécie de elite global”, avaliou.
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