Venezuela ameaçada
Manoel Hygino
Depois de tanto
tempo na presidência da Venezuela, percebe-se que o chefe do governo de Caracas
não está ainda “maduro”. Viajou a Moscou para pedir apoio a Putin, que – pelo
visto até agora – nada ofereceu de prático. Aliás, ex-agente da KGB, macaco
velho e treinado, ele não enfia a mão em cumbuca.
Talvez por falta de
assunto e por não assistir às reportagens por televisão, mostrando milhares e
milhares de venezuelanos fugindo da pátria e à falta de liberdade, de
medicamentos, de alimentos, de papel higiênico, Nicolás imaturo não sabe
exatamente o que fazer. O que ele entendia mesmo era dirigir coletivos na capital,
não os destinos de uma nação rica em petróleo, mas também em maus governantes.
Ao regressar à
Venezuela, na semana passada, declarou existir um plano dos EUA para derrubá-lo
e que os governos de Brasil e Colômbia também participariam do complô. “Chegou
a nós uma boa informação (...) John Bolton (assessor de segurança nacional
americano), desesperado, designa missões para provocações militares na
fronteira”, disse Maduro, segundo o qual instruções nesse sentido foram
transmitidas ao presidente eleito do país ao Sul, Jair Bolsonaro.
O sucessor de Hugo
Chávez quereria uma volta ao tempo do Foro de São Paulo, que reuniu países de
esquerda há mais de dois anos. Então, foi redigida e divulgada uma declaração,
que vale a pena ser recordada: “Os governos de esquerda em nosso continente
lograram dar estabilidade social, política e econômica a nações e tiraram da
pobreza dezenas de milhões de famílias, que se livraram assim da
marginalização, do desemprego, tendo acesso à saúde, educação e oportunidades
de desenvolvimento humano”.
Verifica-se,
contudo, neste ocaso de ano, que o “socialismo do século 21”, proclamado por
Chávez, é que está no ocaso no mínimo, ou morto e insepulto, cabendo observar
que o presidente venezuelano, todavia, está atento aos acontecimentos. No
domingo anterior já anunciara que os EUA pretendiam associar-se à Colômbia para
um golpe de Estado contra Caracas, sem mencionar o Brasil. Nós já enfrentamos
problemas sérios para absorver os milhares de venezuelanos que chegam pela
Fronteira Norte. É uma das razões, aliás, da intervenção federal em Roraima.
De fato, porém,
Bolton e Bolsonaro se reuniram no último dia 29, na residência do presidente
eleito, na Barra da Tijuca. Aí Maduro nos defendeu, dizendo que “as forças
militares do Brasil querem paz. Ninguém deseja que o futuro governo de Jair
Bolsonaro se meta em uma aventura militar contra o povo da Venezuela”. Nisso
ele está correto.
No Foro também se
declarou que “o povo revolucionário” venezuelano está resistindo às investidas
brutais da oligarquia apátrida e ao imperialismo”. Quanto a Maduro, “tem
ganhado cada vez mais respaldo continental e mundial”, atribuindo-se que a paz
na Colômbia se deveu à heroica luta das FARC. A certa altura, acrescentava que
“a esquerda impulsiona a transparência e a honradez no uso dos recursos
públicos”.
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