Marcos Pontes
quer elevar prestígio da C&T para garantir mais recursos
Agência Brasil
A missão do
ministério, segundo Marcos Pontes, é produzir conhecimento e riquezas para o
país
O astronauta Marcos
Pontes, indicado para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, disse nesta quinta-feira (6) que pretende recuperar o prestígio
da ciência e tecnologia neste momento de transição e ao longo do ano que vem,
para aumentar os recursos do setor durante o governo de Jair Bolsonaro.
O futuro ministro se
reuniu esta manhã com representantes de várias entidades para iniciar “contato
direto entre as pessoas que estão no dia a dia da ciência com as estruturas
políticas”. Entre os participantes estavam representantes da Academia Brasileira
de Ciências e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
“[Ciência e
tecnologia] é estratégico para o desenvolvimento do país, assim como educação,
e nós precisamos ter esse prestígio para dar esse retorno para a sociedade”,
disse Pontes. De acordo com o futuro ministro, esse contato com os
representantes do setor é extremamente valioso para que a nova pasta trabalhe
de forma consensual.
A missão do
ministério, segundo Pontes, é produzir conhecimento e riquezas para o país,
para o desenvolvimento de novas empresas e startups, e a melhoria de produtos e
serviços para a população. Para isso, ele explicou que a relação com outros
ministérios é primordial, como é com o Ministério da Educação (MEC).
De acordo com Marcos
Pontes, serão desenvolvidos projetos para inserir ciência e tecnologia no
ensino fundamental e médio, para motivar jovens para as carreiras da área.
Havia uma discussão para se transferir a gestão do ensino superior para o
Ministério da Ciência e Tecnologia, mas Pontes confirmou que permanecerá no
MEC. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) também
continuam em pastas separadas, respectivamente na Ciência e Tecnologia e
Educação.
A estrutura e os
secretários que vão compor o ministério ainda estão sendo definidos. Os
Correios continuam subordinados à pasta e, de acordo com Pontes, a privatização
da empresa ainda não está na pauta de discussão.
Acordo de Paris
O astronauta disse
que assim como o Acordo de Paris, de combate às mudanças climáticas, outros
acordos internacionais serão estudados e levados ao conhecimento de Bolsonaro
para que tome as decisões sobre a participação do Brasil nessas instâncias.
"Nós temos
dentro da comunidade científica uma participação muito grande em estudos e
análises de clima e a importância do desenvolvimento sustentável como um
todo. Essas informações todas vão ser levadas ao presidente. Logicamente
quem tem poder de decisão é o presidente, mas nós temos a obrigação, vamos
dizer assim, trabalhando com ciência, informar tudo sobre esses assuntos,
inclusive", disse.
O Acordo de Paris
foi aprovado por 195 países em 2015 e tem como uma de suas principais metas
reduzir a emissão de gases do efeito estufa, de forma a evitar
o aquecimento global. Em junho deste ano, os Estados Unidos saíram do
acordo por decisão do presidente Donald Trump, que havia prometido retirar o
país do pacto internacional durante sua campanha presidencial.
Marcos Pontes também
comentou sobre a decisão do governo brasileiro de retirar sua candidatura para
sediar a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações
Unidas), destinada a negociar a implementação do Acordo de Paris, que ocorrerá
de 11 a 22 de novembro de 2019. A retirada da candidatura contou com
o apoio explícito do presidente eleito. Para o astronauta, há pontos
favoráveis para a realização do evento no Brasil, mas ele disse respeitar a
posição de Bolsonaro.
"Existem, do
nosso ponto de vista, da ciência e tecnologia, pontos favoráveis para que a
gente faça isso [realização da COP-25], mas logicamente a decisão é sempre
do presidente, e a gente respeita as decisões", afirmou.
Orçamento
Para 2019, o total
de recursos da pasta para o setor é de R$ 3,75 bilhões, cerca de 10% menor do
que o deste ano. O orçamento do ministério, que chegou a contar com quase R$ 10
bilhões em 2013, vem caindo nos últimos 5 anos. Em 2019, os recursos previstos
para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal
agência de fomento à pesquisa no país, só poderiam garantir o pagamento de
bolsas até o mês de setembro, segundo técnicos do órgão.
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