Bolsonaro pede
apoio do MDB e fala em aprofundar reforma trabalhista
Agência Brasil
Jair Bolsonaro disse
ser necessária a aprovação de reformas para tirar o país da situação crítica
O presidente eleito,
Jair Bolsonaro, recebeu nesta terça-feira (4) a bancada de parlamentares do MDB
na Câmara do Deputados e pediu apoio para aprovar reformas no Congresso
Nacional. A reunião ocorreu no Centro de Cultura Banco do Brasil (CCBB), sede
do governo de trasição, em Brasília.
Segundo relatos de
parlamentares à reportagem, Bolsonaro disse ser necessária a aprovação de
reformas para tirar o país da situação crítica em que se encontra, mas garantiu
que não exigirá sacrifícios da população.
Na reunião, que
durou cerca de 50 minutos, o presidente eleito elogiou a reforma trabalhista
aprovada em 2016 pelo governo de Michel Temer e ainda defendeu
um aprofundamento da medida como forma de "desengessar" as
relações de trabalho e destravar investimentos no país, sem entrar em detalhes
sobre as alterações que ainda poderiam ser realizadas. Bolsonaro afirmou
que Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, não conseguirá sozinho aprovar
as medidas necessárias para retomar o o crescimento da economia e a
geração de empregos.
"Ele disse que
espera o apoio do MDB no que for possível. Se não for da bancada, o apoio
individual", contou o deputado Freire Júnior (MDB-TO). Apesar de falar em
reformas, Bolsonaro não chegou a mencionar de forma específica a reforma da
previdência, considerada pelo mercado a medida prioritária do próximo governo.
O tema, no entanto, foi levantado na reunião pelo deputado Darcísio Perondi
(MDB-RS).
Relação com
parlamentares
De acordo com
deputados que participaram do encontro, Bolsonaro reforçou o discurso de que
terá uma reação "republicana e transparente" com o Congresso.
Prometeu também que os parlamentares terão tratamento à altura do Poder
Legislativo.
"Ele manteve o
discurso de que, para construir um Brasil melhor, que cresça e gere empregos,
precisa do Parlamento", disse o deputado Sergio Morais (MDB-PR).
Indicado como futuro
ministro da Cidadania, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) defendeu a
proposta de uma nova relação entre governo e Congresso, sem imposições por
parte das lideranças partidárias. "Em política, não adianta ameaçar. Eu,
muitas vezes, votei contra a orientação do partido, porque eu não acreditava no
que estava sendo votado, e votei contra. A forma de fazer política tem que
mudar um pouco. Acho que tem que respeitar o partido, no seu poder de pressão,
mas é ganhando corações e mentes dos parlamentares que você fará com que eles
votem mudanças importantes para o país", afirmou.
Nessa segunda-feira
(3), o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, já havia dito que o
governo de Bolsonaro não vai exigir fechamento de questão das bancadas nas
votações do Congresso.
Após a reunião, que
contou com cerca de 50 deputados, entre os atuais e os eleitos e reeleitos em
outubro, o líder da bancada, Baleia Rossi (MDB-SP), lembrou que o partido
declarou-se independente em relação ao futuro governo, mas que terá
responsabilidade com os assuntos importantes para o país. "O MDB vai
discutir agenda. O MDB já se declarou independente, mas a bancada vai discutir
ponto a ponto. O partido terá responsabilidade", garantiu.
Indicação de cargos
Sobre a indicação de
partidos para ocupação de cargos no governo, Baleia Rossi disse que é natural
que o presidente eleito cumpra sua promessa de campanha de não atrelar ocupação
de ministérios a votos no Congresso. "Imagina se já na transição de
governo ele descumprisse uma promessa de campanha"?", comentou.
Para outros
emedebistas que participaram do encontro, no entanto, a sensação de alguns
parlamentares é a de que se o futuro governo não buscar atender as demandas
parlamentares, especialmente em suas bases nos estados, será difícil garantir o
apoio em determinadas matérias.
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