quinta-feira, 22 de novembro de 2018

VOCÊ É UM CONSUMIDOR COMPULSIVO?


Quando o consumismo significa doença

Simone Demolinari 









Consumo é o ato de comprar algo relacionado à necessidade ou à sobrevivência. Já o consumismo, é a prática de comprar em excesso e se caracteriza pela ausência da necessidade. O que muitos não sabem é que o consumismo pode ser uma doença.
A Oniomania ou “compra compulsiva” é uma doença caracterizada por atos excessivos, incontroláveis, repetitivos e irresistíveis em comprar indiscriminadamente. Não importa a mercadoria ou a necessidade, o desejo em adquirir se sobrepõe de forma irracional.
Esse é o caso de Cida, uma moça de 35 anos, advogada e mãe de dois filhos pequenos. Toda sua dificuldade financeira não foi suficiente para frear seu impulso de comprar.
Ela não sabe explicar onde tudo começou, mas lembra que se sentia insegura e toda vez que comprava, via sua insegurança diminuir. Além disso, observou que comprar a deixava mais calma, com isso fez das compras um “remédio” para sua ansiedade. Certa vez, Cida entrou numa loja e gastou o equivalente a 5 vezes o seu salário. No ato da compra, uma euforia muito próxima a sensação de felicidade, mas logo em seguida teve que conviver com a culpa, o arrependimento e a vergonha.
Chegar em casa era uma aventura pois escondia sacola no carro, na portaria do prédio, ou até deixava na loja para buscar depois. Era mentira em cima de mentira e uma manobra financeira para pagar tudo. Um mês deixava a escola do filho atrasar, no outro a prestação do carro, um adiantamento na empresa e mais compras. A bola de neve cresceu tanto a ponto dela não conseguir mais esconder da família e do marido. Quando foram fazer as contas, foi preciso vender o carro e ainda assim não foi suficiente para quitar toda a dívida.
Muitos pensam que é fácil deixar de ser assim, basta parar de comprar, mas, quando se trata de compulsão a coisa não é tão simples. O comportamento compulsivo se impõe e fica muito difícil frear o impulso.
Essa dificuldade tem correlação com a obtenção de prazer imediato que é gerado após o ato, uma gratificação que é reforçada cada vez que o comportamento se repete. Um ciclo vicioso que se retroalimenta e chega a níveis inimagináveis de dependência.
Estudos indicam maior prevalência da oniomania em mulheres e estima-se algo em torno de 5% a 8% da população. Algumas características desse transtorno:
– Dificuldade em se autocontrolar
– Euforia e sensação de bem estar no ato de compra
– Aumento progressivo do volume de compras
– Mentiras para encobrir o descontrole
– Gastos que superam três vezes ou mais o ganho mensal
– Compra de objetos duplicados
– Angústia após efetuar as compras.
Não é fácil se desvincular do consumismo, os estímulos comerciais atrelado à pressão social tentam nos convencer de que nossa felicidade está no carro do ano, na TV moderna, na roupa de grife, no celular recém lançado. Mas vale lembrar que nenhum bem material é garantia de felicidade.
Já dizia Schopenhauer: “A nossa felicidade depende muito mais do que temos em nossa cabeça, do que nos nossos bolsos
”.

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