População
carcerária feminina no Brasil é uma das maiores do mundo
Agência Brasil
Segundo a pesquisa,
62% das prisões de mulheres no Brasil estão relacionadas ao tráfico de drogas
O Brasil tem uma das
maiores populações carcerárias femininas do mundo, e as prisões relacionadas ao
tráfico de drogas correspondem à maior parte delas. Em um estudo divulgado na
semana passada, a Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação
Getúlio Vargas (Dapp/FGV) levantou dados sobre essas prisões e mostrou que,
entre 2000 e 2016, a população carcerária feminina aumentou 567%. Se
considerados dados atualizados até 2018, o aumento se aproxima de 700%.
Em 2016, as prisões
brasileiras abrigavam 42.355 mulheres. Quando analisada a incidência de prisões
para cada 100 mil mulheres, o Brasil chega a 40,6, relação que perde apenas
para Estados Unidos (65,7) e Tailândia (60,1). A China tem mais mulheres encarceradas
que o Brasil, mas, proporcionalmente, sua taxa é menor.
Entre os cinco
estados com maior encarceramento feminino, quatro estão na região Norte:
Amazonas (9,2%), Rondônia (8,2%), Acre (7,1%) e Roraima (6,7%). O Mato Grosso
do Sul é o que tem maior percentual de mulheres em relação ao total da
população carcerária: 11,3%.
Segundo a pesquisa,
62% das prisões de mulheres no Brasil estão relacionadas ao tráfico de drogas,
enquanto, no caso dos homens, o percentual cai para 26%. A pesquisadora
Danielle Sanches, responsável pelo levantamento, considerou que penas
alternativas poderiam ser opção em muitos casos.
"Grande parte
das mulheres encarceradas trabalha na baixa hierarquia do tráfico. Não são
grandes gerentes e com alta periculosidade. Penas alternativas poderiam ser
pensadas".
O encarceramento das
mulheres se dá muitas vezes em presídios mistos, em que há presos e presas.
Segundo a pesquisa, entre as penitenciárias brasileiras, 17% são mistas e 7%
são exclusivamente femininas.
O estudo chama
atenção para as conclusões do relatório Infopen Mulheres, produzido pelo
Departamento Penitenciário Nacional em 2014. Segundo o documento, 90% das
unidades mistas e 49% das exclusivamente femininas foram consideradas
inadequadas para gestantes encarceradas. As prisões mistas também possuem menos
berçários e/ou centros de referências para mulheres (3%) que as as específicas
(32%).
Quando avaliada a
existência de creche, as prisões mistas declararam não ter, e as femininas
tinham em 5% dos casos. O percentual é considerado baixo, uma vez que 64% das
mulheres encarceradas possuem ao menos um filho.
A pesquisa recomenda
que sejam adotadas políticas públicas no sentido de ampliar as unidades
prisionais materno-infantis e reestruturar presídios exclusivos para mulheres. O
estudo considera recomendável investir em ações focadas para primeira infância
focadas em filhos de mulheres encarceradas.
Além disso, as
pesquisadoras apontam que é preciso acelerar o julgamento das mulheres em
prisão provisória e promover ações que diminuam a inserção de mulheres jovens
no tráfico de drogas.
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