quinta-feira, 18 de outubro de 2018

VOCÊ É UM HIPOCONDRÍACO?


O terrível medo de doença

Simone Demolinari 











Há uma ideia simplista de que hipocondríaco é aquele que tem mania de tomar remédios. Mas, a questão vai muito além. A hipocondria é um transtorno que se manifesta através do medo ilógico de adoecer gerando uma hipervigilância em relação à saúde e promovendo um estado de angustia constante.
Quem sofre desse mal alimenta pensamentos catastróficos: a imaginação é dramática e há uma sensação de morte iminente. Aos olhos dos outros, tudo isso não passa de um exagero banal, porém, intimamente, essas pessoas degustam de um grande sofrimento.
Uma característica comum dos hipocondríacos é acreditar que a pior hipótese é sempre a mais provável: uma simples dor no peito ganha proporção de um infarto; uma tosse tem indício de tumor e assim por diante. No fundo, o hipocondríaco tem mesmo é um terrível medo da morte. Medo que vem crescendo devido aos interesses da indústria farmacêutica e também da divulgação de tragédias pela imprensa. Aliás, outra característica dos hipocondríacos é a identificação. Não podem ler algo que já sentem aqueles sintomas.
E a cisma não tem fim. Quando constatam, através de exames, que estão saudáveis, o sintoma migra e então vem o medo de uma outra doença. De tão preocupados, abrem quadros graves de ansiedade. Isso explica o grande número de hipocondríacos com crise de pânico.
Recentemente soube da história de Sergio. Ele e sua esposa viajaram para Europa para passar 12 dias. Já no avião Sérgio começou a se sentir mal.
Chegou ao hotel e seu pensamento não lhe dava sossego, tinha a nítida sensação de que algo pior iria acontecer. Conseguiu segurar seu desconforto por dois dias, porém no terceiro sentiu o que ele chamou de “aperto no peito” e insistiu para ser levado ao hospital. Sua esposa, já acostumada com os episódios de doença imaginária, tentou demovê-lo dessa ideia, mas não teve jeito, foram parar num hospital da cidade local.
Eles esperavam por uma consulta de praxe que tomaria no máximo algumas horas da viagem, porém foram surpreendidos com um pedido de internação. Sérgio foi submetido a vários exames com indicação de permanência no hospital até que os resultados fossem liberados. Todo esse processo demorou quatro dias, e como já era esperado, os exames não acusaram nada. Sérgio estava mais saudável do que nunca. Porém, com outros problemas para resolver: perderam o vôo para o próximo destino, arcaram com um considerável prejuízo financeiro e um grande atrito conjugal.
Episódios como este, de maior ou menor proporção, são recorrentes na vida de quem sofre com isso. A melhor forma de lidar com o problema é enfrentando a situação. Enfrentar significa: não alimentar o pensamento de medo; parar de supervalorizar os sintomas; resistir à tentação de ir ao hospital; medir menos a pressão; contar menos o pulso e o mais importante, cuidar bem da saúde.
Isso quer dizer: fazer exercício físico, se alimentar corretamente, dormir bem, parar de fumar e beber moderadamente. O que geralmente ocorre é que o hipocondríaco não se cuida bem e transfere essa responsabilidade para o médico. Isso só piora o problema.

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