terça-feira, 16 de outubro de 2018

LEI DOS EUA BENEFICIA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CALÇADOS


Nova lei nos EUA deve beneficiar indústria de Nova Serrana

Luciana Sampaio Moreira









Indústrias do município devem fechar o ano com produção de 96 milhões de pares de calçados

O polo calçadista de Nova Serrana, no Centro-Oeste mineiro, pode se beneficiar com uma mudança da legislação de importação dos Estados Unidos (EUA), que vai zerar ou reduzir as alíquotas para entrada de 1.660 produtos industrializados, entre os quais os sapatos. A medida entrou em vigor no último sábado e terá validade até 31 de dezembro de 2020.
Atualmente, a cota de exportação do polo oscila entre 2,5% e 3% de uma produção que deve fechar dezembro deste ano com 96 milhões de pares. Os principais destinos de venda dos produtos são Argentina, Chile, Bolívia, Colômbia e Peru, entre outros da América Central. As negociações com os Estados Unidos são pontuais.
Segundo o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes da Silva, a mudança nas regras do parceiro comercial mais cobiçado do mundo é uma oportunidade de recuperação para o polo, que opera com 80% da sua capacidade e, devido à redução da demanda por calçados no mercado interno, reduziu em 12,72% a produção, de 2016 a 2018.
“A possibilidade de aumentar as exportações para os Estados Unidos vai incentivar o aumento da produção e elevar para 5% a nossa taxa total de remessas para o exterior”, aposta.
Pedro Gomes destaca que o Sindicato tem trabalhado nos dois últimos anos para fortalecer a cultura da exportação como parte dos negócios. “O potencial do polo ainda não foi totalmente explorado devido à forte concorrência dos produtos chineses. Só que desta vez, esses itens perderam competitividade”, disse, referindo-se à sobretaxa dos artigos do país asiático.
No entanto, para Pedro Gomes, a exportação dos calçados brasileiros não pode se tornar a “tábua de salvação”das empresas do setor. “A exportação agrega valor e divulga o nosso produto, mas temos alertado as fábricas que não comprometam mais de 30% da produção, para não se colocar em risco, no caso da demanda cair de um dia para o outro, como aconteceu em outra ocasião já que a demanda do mercado externo pode recuar de uma hora para outra”, ressalta.
Oportunidade
Diretor da Organizações Amaral Ltda., com sede em Nova Serrana, Geraldo Cesar da Silveira, tem contratos de exportação com Argentina e Bolívia, mas a possibilidade de incluir os Estados Unidos na rota é bem-vinda. “Nunca exportei para os Estados Unidos, mas isso é o que todo mundo deseja”, reconhece.
Devido à crise do país vizinho (Argentina), as remessas caíram bastante neste ano. Com isso, a unidade que ocupa área de 5 mil metros quadrados passou a operar com 40% da capacidade.

Minas ocupa hoje a sexta posição no ranking de exportação
Minas Gerais é o sexto exportador nacional de calçados, atrás do Rio Grande do Sul, Ceará, São Paulo, Bahia e Paraíba. Entre janeiro e agosto deste ano, a Estado exportou US$23,183 milhões em calçados, 9,7% a menos que o registrado em igual período de 2017. Desse total, apenas US$2,652 milhões foram de remessas para os Estados Unidos.
O economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, acredita que a mudança da legislação norte-americana para importações representa uma boa oportunidade para o setor calçadista do Estado.
“Essa mudança de legislação visa garantir o abastecimento do mercado norte-americano, que não tem uma indústria calçadista forte. Em função da guerra comercial com os Estados Unidos, os produtos chineses foram sobretaxados em 10%, o que reduz a competitividade desses itens”, analisa o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito.
Ajuste
No entanto, o economista lembra que a alteração das alíquotas não vai beneficiar apenas a indústria brasileira, mas o mundo todo.  Mesmo assim, uma abertura de espaço para a indústria calçadista mineira é analisada como oportunidade que as empresas do setor não podem perder.
O presidente do Sindicato da Indústria de Bolsas do Estado de Minas Gerais (Sindibolsas-MG), Celso Luiz Afonso da Silva, destaca que “a possibilidade de aumentar as remessas para o mercado norte-americano auxilia o Brasil a ajustar sua demanda externa para compensar a redução do consumo interno”.

Do total produzido pelo polo de Nova Serrana,75% são de calçados femininos e os 35% restantes são das linhas esportiva, infantil e masculina

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